Da lâmina do microscópio para o consultório do seu médico, descobrimos o que existe de mais novo em matéria de testes, para garantir que mãe e bebê fiquem saudáveis durante os nove meses
Por Paula Montefusco, filha de Regina e Antonio
Neste momento, nos laboratórios dos mais renomados institutos de pesquisa do mundo, cientistas fazem descobertas que, daqui a alguns anos, vão resultar em exames disponíveis no laboratório que seu convênio cobre, ajudando a prevenir problemas durante a gestação e garantindo que milhões de bebês nasçam saudáveis. No início deste ano, lemos no periódico científico British Medical Journal que existe um novo teste sanguíneo de DNA para identificar se o bebê tem Síndrome de Down.
A estimativa é que o exame possa reduzir em 98% o número de grávidas que precisam fazer testes invasivos, e potencialmente arriscados, como a aminiocentese, que podem resultar em aborto em até 1% dos casos. A percepção de que amostras do DNA fetal podem ser detectadas no sangue da mãe levou ao desenvolvimento de um teste que permite a descoberta do sexo do embrião a partir da 8ª semana de gestação. Esse exame, sim, já está disponível nos laboratórios, embora normalmente não seja coberto pelos planos de saúde.
Já o novo exame para detectar Síndrome de Down foi testado em 753 gestantes em Hong Kong e na Holanda e ainda é muito caro, além de precisar passar por novos estudos antes de entrar para a lista de testes pré-natais pedidos pelo seu obstetra. Isso deve levar no máximo cinco anos. Se considerarmos que as primeiras descobertas sobre o ultrassom datam do século 19 (e que o uso da técnica para monitorar a gravidez se popularizou no Brasil só nos anos 80), não é tanto.
No final do ano passado, cientistas em Hong Kong e nos EUA conseguiram traçar o mapa genético do feto ao analisar amostras de sangue de uma grávida. No sangue da mãe 90% do DNA pertence a ela e 10%, ao feto, tornando possível que se descubra o risco de a criança desenvolver doenças hereditárias no futuro. Tudo isso com um exame de sangue simples, recolhendo uma amostra da mãe. O estudo foi publicado no Science Translational Medicine, no fim do ano passado. Um casal que passava por testes pré-natais para detectar uma doença hereditária, a beta-talassemia, serviu como voluntário.
Claro que ainda é cedo para que esse tipo de exame fique acessível no laboratório da esquina, mas já é um começo. Geralmente, esse caminho é mais curto nos países desenvolvidos. Na Inglaterra, já existe um exame que ajuda a rastrear o risco de a gestante desenvolver pré-eclâmpsia a partir de proteínas encontradas no seu sangue. Ele deve chegar ao Brasil em 2012. A pré-eclâmpsia é uma doença em que a grávida sofre de pressão alta, inchaço e pode causar complicações renais e hepáticas e o quadro pode evoluir para a eclâmpsia, a principal causa de mortalidade materna. Com a descoberta precoce, é possível prevenir o problema que mata 50 mil grávidas todos os anos no mundo. Segundo estimativa dos médicos, o exame britânico deve aportar aqui no Brasil em um ano.
Montamos uma lista de alguns dos exames que passaram a fazer parte mais recentemente do elenco pré-natal.
Os mais novos exames
OSCAR
O exame avalia a possibilidade de o feto ter uma alteração genética, como a Síndrome de Down, por meio da avaliação da anatomia do bebê e da composição bioquímica do sangue da mãe. O teste pode evitar a necessidade de fazer a amniocentese, um exame invasivo em que uma agulha precisa ser introduzida no útero para coletar o líquido amniótico, implicando risco de aborto.
Quando fazer: entre 11ª e 14ª semana, de preferência com 12 semanas
Quanto custa: feto único: R$ 925,74, gestação gemelar: R$ 1.267,33
Sexagem
Com este teste é possível descobrir o sexo do bebê logo no começo da gestação. A importância dessa descoberta vai além de satisfazer a curiosidade da nova mãe ou do pai: pode ser primordial no caso de algumas doenças. Nesse caso, mesmo que você não queira saber o sexo do seu filho, é bom que o médico saiba para tomar as devidas providências para diagnosticar e tratar doenças relacionadas aos cromossomos sexuais.
Quando fazer: a partir da 8ª semana
Quanto custa: R$ 482
Ressonância magnética
A ressonância complementa o estudo das malformações, principalmente cerebrais, renais e pulmonares. O teste é uma ressonância magnética tradicional, mas os aparelhos novos costumam capturar a imagem mais rápido, já que o feto também se move depressa. Assim, o registro da criança é mais preciso e não é necessário sedá-lo para que ele fique quieto e seja possível capturar a tal “foto”.
Quando fazer: a partir do terceiro trimestre, quando é possível enxergar mais detalhes da anatomia do feto
Quanto custa: R$ 1.301,27
Identificação do fator Rh
Prevê e evita a eritroblastose fetal, incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o feto. Nesse caso, mãe tem Rh negativo e o bebê, positivo. Por exemplo, a mãe é O- e o bebê, O+. E quando o sangue da mãe entra em contato com o da criança, os anticorpos atacam o sangue do bebê. O quadro pode ser tratado, se diagnosticado precocemente. Caso isso não aconteça, pode levar à morte fetal, principalmente na segunda gravidez caso a mãe não tenha tomado a vacina da doença.
Quando fazer: a partir da 8ª semana
Quanto custa: R$ 162,51
Ultrassom 4D
Com esse exame você pode ver o bebê de modo tridimensional e em tempo real. E é esse tipo de visualização que possibilita enxergar malformações externas e problemas na placenta. Esse ultrassom não substitui os de rotina, pedidos ao longo da gestação.
Quando fazer: é possível fazê-lo desde os primeiros meses, mas é mais recomendável que seja feito no terceiro trimestre, porque o bebê já está com a formação quase completa e os detalhes de sua anatomia já são visíveis.
Quando fazer: a partir da 8ª semana
Quanto custa: R$ 670,68
* Preços baseados na tabela do laboratório Fleury
Consultoria: Mário Henrique Burlacchini de Carvalho, pai de Augusto e Leonardo, responsável pela Medicina Fetal do laboratório Fleury
Soubhi Kahhale, pai de Pedro, Paulo e Raphael, coordenador de obstetrícia do Hospital São Luiz e professor da USP