De repente, você busca o seu filho na escolinha e recebe o recado de que ele anda distribuindo dentadas por aí. Ou ele aparece com uma marca cheia de dentinhos no braço. Pois é, a fase das mordidas começou. O que fazer agora? A primeira coisa é respirar fundo e segurar a bronca, seja com a escola ou com o pequeno. É difícil entender, mas mais ou menos até os 4 anos, as crianças mordem mesmo. E é absolutamente normal. Veja as nossas dicas para entender melhor.
Mordida é comunicação
“Em geral as crianças mordem para interromper alguma situação que represente uma ameaça, um amiguinho que pegou algum brinquedo que ela deseja , ou que fez alguma coisa que a desagradou”, diz a psicóloga Kátia Teixeira, mãe de Bárbara. Como elas ainda não dominam completamente a linguagem e têm dificuldades de se comunicar rapidamente e com clareza, elas partem para uma ação que acreditam que atingirá o amiguinho. Para elas, morder é uma forma natural de mostrar que estão com raiva.
Além disso, nessa idade, os pequenos ainda têm uma visão egocêntrica: eles convivem com a impressão de que o mundo gira em função deles. Portanto, tudo que fugir do que eles esperam, os contrariará e provocará reações que devolvam o controle a eles o mais rápido possível. Mas isso não quer dizer necessariamente que seu filho seja mais agressivo que o normal ou que você vai ter problemas para controlá-lo no futuro. Apenas que ele quer se fazer entender.
Quando seu filho é o mordedor
“A melhor forma de lidar com essa situação é inibir esse comportamento, dizendo não para a criança, em tom calmo, porém, firme”, diz a psicóloga Claudia Ferreira, mãe de Carolina, Rafael e Débora. As mordidas não devem nunca ganhar aprovação, mas também não devem ser superestimadas. É importante que você transmita a mensagem de que ninguém gosta de sentir dor. Tente fazê-lo se colocar no lugar do amiguinho. E verifique se a escola tem tomado a mesma atitude para frear o seu filho. O ideal é que você ofereça recursos que diminuam a necessidade de morder que ele tem, como mordedores. Além disso, ensaie diálogos para que o pequeno aprenda a demonstrar a sua insatisfação sem apelar para agressões, tanto físicas quanto verbais.
Quando seu filho é o mordido
Tire uma tarde para conversar com os pedagogos da escola. A gente entende que você fique chateado porque confiou nos profissionais, mas na maioria das vezes, essa situação não significa negligência. Procure saber em que circunstâncias a mordida aconteceu, o que a motivou e se os pais do “mordedor” sabem o que está acontecendo. Apenas fique preocupado se as mordidas que o pequeno recebe se tornarem muito frequentes. Nesse caso, “é imprescindível saber porque os adultos não estão sendo capazes de mediar esses conflitos”, diz a psicóloga e psicanalista Denise de Sousa Feliciano, mãe de Thais e Elisa. Às vezes, a situação é mais séria do que simples disputas corriqueiras por brinquedos, atenção e espaço.
Consultoria: Claudia Ferreira é psicóloga e especialista em educação especial. tel.: (21) 26206098 Denise de Sousa Feliciano é psicóloga e psicanalista e membro efetivo do Departamento de Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientiae. TEL.: (11) 3081-4642 Kátia Teixeira é psicóloga da EDAC (Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico). TEL.: (11) 3816-7540, www.edac.com.br