Ariane Donegati, filha de Jane e Julio
O tipo de parto poderia definir que mãe você é? Não! Lembramos sempre dos benefícios do parto natural, quando comparado com o parto de cesárea, mas às vezes não restam opções ao médico ou à mãe e a cesariana acaba sendo feita. Programado ou não, a gente defende o fim da culpa e a liberdade de escolha, desde que consciente e responsável.
No encontro com as mães que rolou em fevereiro na redação da revista, nossa diretora editorial, Mônica Figueiredo, mãe de Antônia, não deixou dúvidas: “Nós vemos uma grávida e muitas vezes esquecemos que ali habitam dois corpos, são duas pessoas diferentes com vontades e necessidades que podem entrar em conflito. Você pode ver uma mulher, ou um bebê, mas a realidade é que são duas pessoas e dois lados que devem ser levados em consideração”.Não é o tipo de parto que define que tipo de mãe você é, mas sim as escolhas que você faz. Marina Bitelman, mãe de Daniel, conta que queria ter o parto natural, mas não foi orientada adequadamente e entrou na faca. “Acho que isso influenciou muito no tipo de parto que tive, pois não sabia exatamente o que deveria escolher e quais eram os riscos de cada uma dessas escolhas. Por isso acho importante que a mulher busque informações sobre o tipo de parto ou o que ela sentir que precisa saber”.
O especialista convidado, o pediatra Claudio Len, pai de Fernando, Beatriz e Silvia, concorda com as mães: “Falta orientação a essas mães e aos pais também. As pessoas precisam saber que haverá a dor. A contração é dolorida, o parto também é dolorido, mas isso é normal, sentir dor é normal.
O importante é que ela saiba disso. Assim poderá, junto com o médico, ponderar o que há de melhor e fazer sua opção”.
“As pessoas querem rotular as mães. Cada coisa que você faz te define como mais ou menos mãe para elas”. Mariana Belém, mãe de Laura
Valquíria Augustineli, mãe de Valentina, conta que descobriu a gravidez aos 5 meses e que, desde então, teve para si que preferia a cesárea. “Eu morro de medo do parto normal, tenho medo de sentir aquela dor toda e não consigo nem me imaginar na situação, por isso quando soube que estava grávida já pensei em fazer a cesárea. Esse era um direito meu, eu tinha que respeitar meu limite e ser respeitada pela minha opção”. Elisa Marconi, mãe de Luiza e Daniel, reiterou “dor é pessoal e os medos também são pessoais, temos que respeitar”.
Depois de muita conversa, ficou a lição: cada mãe com suas dores e delícias, como diz a música de Alceu Valença “o velho é novo, o novo é velho. É como o ovo e a galinha. A culpa é nossa, a culpa é minha”.