Desde o nascimento da Lorena, que tem Síndrome de Down, uma das coisas que sempre valorizei é a sua independência. Muito comum observar pais superprotegendo filhos com SD na ideia errônea de “não serem capazes”. Por vezes noto a pequena com dificuldade em alguma atividade corriqueira, mas mantenho observação até perceber que ela não encontre alguma solução para “sair do problema” e, na maioria das vezes, ela se resolve. E assim, sei que ela se torna confiante de suas decisões, praticando sua individualidade, que é tão importante.
Há cerca de dois meses recebi um comunicado na agenda sobre de um passeio da escola numa fazendinha, em comemoração ao dia das crianças. Prontamente assinei a autorização com sorriso estampado no rosto, pois seria mais uma etapa a ser conquistada na vida da Lorena. E o melhor: a escola em momento algum tratou a situação diferente por ela ser deficiente intelectual, como exigir mãe ou pai junto ou mesmo vetar a participação, como já li em relatos de familiares em rede sociais.
E chegado o grande dia arrumei uma mochila, a qual ela colocou nas costas sem titubear e entrou na escola com sua irmã e coleguinhas da classe, feliz da vida, sem olhar para trás. Corri para tirar algumas fotos e fui embora, com olhos marejados e certeza de estar no caminho certo.
Ao final do dia, fiquei a espera do ônibus. Eis que chegam crianças exaustas e alegres. E Lorena lá, exatamente como deveria ser: igualzinha a todas as outras.

Pelas fotos publicadas pela escola pude ver a pequena praticando sua independência, brincando com os colegas, sentada atenta ouvindo os funcionários, observando os animais da fazenda, mexendo na terra, tomando seu lanche, etc. Qual a diferença? Eu não vejo alguma.
Mais uma etapa vencida: a excursão da escola! Eu tinha certeza que tudo iria dar certo, pois confio muito na minha filha. E observando a cena dela indo embora com sua mochila nas costas falei: “voa passarinho, voa. Você é capaz de conquistar o mundo.”
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