Não, não se trata de “notícia velha”. A proibição dos celulares nas escolas vai ser assunto a ser discutido por muitos e muitos meses. Mas eu, colunista da Pais&Filhos para um tema tão caro para as famílias, deixei pra conversar com você sobre esse tema depois de passado todo o frenesi sobre a lei que proíbe o uso livre de celulares nas escolas.
E sabe por quê? Porque iniciado o ano letivo, muitas e muitas perguntas ainda não têm respostas por parte das escolas. Em que situação será autorizado o uso? Quais as consequências para os alunos pegos usando o celular “clandestinamente”? Ou até mesmo como as escolas saberão se aquele aluno precisa do celular por motivos de saúde? Dentre muitas outras perguntas.

E fazer perguntas e buscar respostas quando os ânimos estão exaltados, de “cabeça quente”, raramente é o melhor caminho.
Diante desse cenário, eu tenho duas notícias para te dar. A primeira é que muitas escolas ainda não têm essas respostas e vão continuar sem saber o que fazer por um tempo.
E a outra, e mais importante para você que tem filhos em idade escolar, é que a maior responsabilidade sobre educar os filhos para uso consciente e positivo de tecnologias, volta a ser quase que integralmente dos pais, mães e outros responsáveis pelas crianças e adolescentes, restando para as escolas aquilo que faz parte do processo de aprendizagem escolar do aluno.
Afinal, essa educação pertence muito mais às famílias do que a qualquer outra pessoa ou instituição que se relacione com a sua criança. E eu sei, como mãe, que é sempre assustador pensar na montanha de responsabilidades que temos na criação de filhos.
Mas como sempre digo por aqui, só nós sabemos quais são os “temperos”, os valores que queremos transmitir para os nossos filhos e quais desejamos que realmente influenciem a vida deles.
Bem, sobre os seus desafios como mãe, pai ou responsável por uma criança crescendo imerso na vida digital plugada, já falamos bastante por aqui nas colunas anteriores. E vamos continuar falando sempre pra te apoiar nessa jornada.
E quanto ao momento atual? Qual a “lição de casa” que temos para o início desse ano para apoiar e também cobrar as respostas necessárias das escolas nesse momento?
Vamos começar pelo apoio? O apoio começa em casa
- Tenha uma conversa objetiva e intencional com a sua criança sobre a proibição do uso de celulares nas escolas, ainda que você não apoie essa lei. Você estará diante de uma graaande oportunidade de conversar sobre limites, sobre saber se comportar em lugares diferentes de acordo com o que esse lugar representa, respeito às regras e leis e várias outras oportunidades. O céu é o limite;
- Não envie seu filho com equipamentos como celular (mesmo que seja aquele que só faz e recebe chamadas), smartwatches, tablets, canetas inteligentes, óculos inteligentes ou qualquer outro apetrecho tecnológico, mesmo que a escola não tenha comunicado sobre a proibição;
- Não “premie” a sua criança com mais tempo de tela em casa, só porque na escola está proibido. Se decidir “liberar” telas em casa, você conviverá com problemas sérios de abstinência química das crianças, comportamentos agressivos e níveis de ansiedade e angústia cada vez maiores. Aproveite a oportunidade para falar sobre um uso que seja realmente saudável para a criança, com tempo programado;
- Teste novas rotinas de uso dos equipamentos de tecnologias digitais na tua casa. Afinal, um dos objetivos dessa proibição é esclarecer para a sociedade que nossas crianças sofrem física e emocionalmente com o uso constante e não orientado de tecnologias tão poderosas;
- Se a sua criança depende de smartphones como equipamento de apoio para questões de saúde, já providencie laudos sérios e auditáveis com os profissionais de saúde quanto a essa necessidade e como ele deve ser feito (quem diz como o uso das “tecnologias assistivas” deve ser feito são os profissionais de saúde, não os pais).

E o que cobrar da escola?
- Quais os documentos da escola indicam como, quando e por quais motivos os celulares serão enviados para a escola. Todas as regras precisam estar escritas e disponíveis e com linguagem acessível, tanto para pais quanto para alunos;
- Uma agenda antecipada sobre a necessidade de ter os equipamentos da própria criança em sala de aula. Essa agenda precisa ter uma antecipação de alguns dias para que você possa conversar com a criança e com o adolescente, fazer liberações de bloqueios que existam nos equipamentos e repassar os combinados que vocês, como família, fizeram sobre seguir regras dentro e fora de casa;
- Qual a agenda de apoio de conscientização que a escola desenvolveu para apoiar as famílias sobre as proibições. Sim, essa é uma obrigação legal das escolas sobre esse tema e é importante você participar das atividades programadas pela escola.
- Quais as regras criadas pela escola para o uso das tecnologias assistivas, quais documentos são necessários apresentar e como você deve configurar os aparelhos para o uso dessas tecnologias.
- E por último e o mais importante: como a escola espera que você colabore com os procedimentos de proibição. Sem uma orientação clara, pode haver mais confusão do que resultados positivos e a confiança necessária na relação escola-família sair abalada.
E lembre-se sempre: na relação escola-família não existe um contra o outro. Todos estão no mesmo barco. E todos desejamos uma jornada harmoniosa, livre de tempestades e confusões. Nossas crianças estão de olho em nossos exemplos e serão reflexo deles.