Eu peço desconto para os dois na mesma escola. Troco a carne moída de mignon por patinho. Espero passar o Natal para comprar na promoção. Dou castigo e às vezes ameaço um tapinha na mão. Meu casamento não é uma maravilha. Escrevo colunas, matérias e viajo a trabalho… mas não ganho bem e, como muita gente, sou P.J. (não tenho carteira assinada há anos). Sim, por mais que pareça, a minha família não é como a do comercial de margarina. Nem a sua.
Muitas vezes vestimos uma personagem, um ideal ou um sonho do que queremos ser. Muitas vezes escolhemos o melhor ângulo para os posts da vida. E chamamos os amigos para jantar em casa e não entrar numa DR com o marido. Muitas vezes engolimos um sapo do tamanho de um camelo, mas arrotamos como uma lady.
Eu poderia pegar mais leve, fazer menos, não assumir para mim tantas responsabilidades e não me cobrar tanto. Mas aí não seria eu! Porque só a gente pode reconhecer se a vida está ou não do jeito que a gente quer e se precisamos mudar alguma coisa nessa coisa toda!
E mudar significa fazer escolhas e abrir mão do que você ama (tempo com os filhos, por exemplo) pelo seu próprio bem pode ser muito difícil.
É difícil, mas é preciso. Por trás dessa mãe tem uma mulher que quer ser feliz. Por trás da família tem um casal que um dia se uniu para construir uma vida juntos. Por trás da educação dos filhos tem um pai e uma mãe, que juntos devem educar e prezar pelas crianças.
Mas… e o dia a dia? Como organizar a logística da vida incluindo um tempo para você se, na prática, as coisas não funcionam tão bem assim?
(Essa é uma pergunta para a qual eu ainda não tenho resposta…)
A minha toalha não é branca, a minha margarina não é derretida, o meu suco não é natural e o meu pão não acabou de chegar fresquinho da padaria.
A vida não é uma Doriana. Mas ela pode ser muito boa.
É muito bom ter uma família que a gente ama. Ter filhos também é massa! Ter um marido, o pai que participa, a escolinha construtivista, a sogra presente e funcionária feliz em te ajudar com as crianças… É o melhor dos mundos, mesmo que não seja a realidade de muitas famílias.
Acredito que o pulo do gato é encontrar a felicidade nas pequenas coisas e se sentir livre para mudar algo que não anda bem! Marido não é cadeia e filho não é algema. Nascemos menina, viramos mulher e agora somos mãe. E uma coisa não impossibilita a outra!
A família pode não ser a Doriana!
Mas ela pode ser boa para caramba!
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