Gabriel está num acampamento de férias e há sete dias não nos falamos. Eu posso escrever recadinhos (que são entregues a ele, mas ele não responde), vejo as fotos postadas pelo time de monitores e fico imaginando o que passa na cabecinha dele, a depender do sorriso, da cara amarrada ou do vermelhinho debaixo dos olhos, que indica cansaço.
Quando vi meu filho criar asas e partir (mesmo que seja por uma semana e um ótimo motivo) foi uma mistura de saudade, preocupação e orgulho. Caramba, acabou de fazer 8 anos e já está tão decidido!
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O time do Paiol Grande (o acampamento no qual ele está) está de prova que, quando falamos sobre a ida de Gabi, eu disse que estava insegura, pois ele é tímido, quietão e não costuma falar muito sobre os sentimentos. Guarda até explodir. E que eu achava que ele não seguraria a onda.
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Mas filho cresce, filho amadurece e filho cria asas. Essa foi a minha primeira lição. E ontem, ao falar com o meu pai sobre isso (e olha que moramos longe um do outro há 16 anos!), não aguentei, desabei e demorei um bom tempo para me recuperar. Precisei me separar do meu filho para ter noção da saudade, do amadurecimento, do ganhar o mundo –e da saudade que eles, os meus pais, sentem todos esses anos.
Entender o momento da criança é muito importante para estar segura de mandá-lo para uma semana longe de casa. E, para isso, você precisa ouvir, entender o que ela fala e sente e captar seus desejos. Gabriel tem uma curiosidade incrível pelo mundo e pelas descobertas. Ele é cheio de receios, mas se entrega ao novo.
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Aprender que o corte do cordão umbilical faz-se necessário, que precisamos tirá-los da bolha e deixá-los livres para eles voarem –e voltarem. Quanto mais amarramos e podamos, aumentamos a chance de criarmos crianças com expectativas frustradas. Eu sempre deixei ele dormir na casa de amigos, das avós, dormir na escola e até nos outros acampamentos de fim de semana. Essa coragem é boa, é necessária. Eles aprendem a se virar (e bem) sem a gente. Ô se aprendem.
A separação gera um crescimento incrível na criança. Imagine ela ficar uma semana onde não conhece ninguém, sem eletrônicos, sem videogame, tendo que se expressar, se comunicar e tendo que se reinventar. Imagine essa criança guardando as próprias coisas, arrumando a própria cama e cuidando dos seus pertences. Imagine que não tem uma mãe por perto pronto para soltar um esporro, mas que acaba fazendo por ele. Imagine que é ele, ele mesmo e um mundo inteiro de descobertas.
Estar esses dias longe do Gabriel tem me deixado muito emotiva. Agora mesmo, enquanto escrevo esse texto, eu encharco o teclado de lágrimas. Mas eu estou verdadeiramente orgulhosa de mim, por proporcionar esse amadurecimento ao meu filho. Por soltar as amarras e por deixá-lo ir.
Oito dias longe do filho de oito anos pode parecer uma bobagem ou dramalhão de mãe. Só quem sente pode dizer. Dói, é difícil e dá uma saudade danada. Mas tenho certeza que teremos uma nova relação após terça-feira. Gabriel voltará outra criança. E eu ficarei ainda mais feliz por ter feito a escolha certa.
Te amo, filho!
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