Vocês devem ter sentido minha falta esta semana. Geralmente postamos meu texto bem no início dela. Desculpa, a culpa foi minha. Eu pifei. Tô cansada, sabe? Com lágrimas nos olhos cada vez que eu escuto ou escrevo a palavra can-sa-da! Chorando no trânsito, vendo o filho fazer coisa errada e sem a menor vontade de explicar que aquilo vai dar m…“Ah, que se dane”, penso eu! Vai falar com seu pai que ele resolve!
Ter dois filhos não é fácil. Aliás, educar e cuidar de dois filhos não é fácil. O bebê doentinho de novo. Naquela fase de introdução alimentar, chatinha, que a gente não sabe o que dará certo ou não. Esses dias eu chorei por causa de uma panela de papinha de fígado que ele detestou e eu joguei fora. Era ela escorrendo pela pia e as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Pô, uma papinha de fígado? Só eu mesmo pra achar que seria fácil introduzir esse alimento. E claro que ia dar em choro. (Talvez dele. Mas meu?!?!?)
Não é depressão, antes que pensem. Eu tô cansada. Cansada de marido, de filhos, de trabalho, de dieta. Cansada de acordar pra encaixar a chupeta na boca do bebê 357 vezes à noite. Cansada de falar: recolhe a chuteira, sai da frente da televisão, come tudo, vai tomar banho. Cansada de explicar ao marido os gastos do cartão de crédito. Cansada de explicar ao cliente que não, aquele layout não está legal com os outros elementos do site.
Amo tudo isso, antes que pensem. E não trocaria essa minha vida por nada. Mas que enche o saco, enche! Às vezes você só quer colocar o mundo no mute pra escutar o batimento do seu próprio coração. E eu só consigo fazer isso quando preciso ir ao banheiro. Ou finjo precisar ir para ficar um pouco só.
Mãe tem dessas coisas, né? A gente se gaba que somos incríveis porque, diferentemente dos homens, conseguimos administrar mil funções simultaneamente. Porque conseguimos pensar em várias coisas ao mesmo tempo. Porque trocamos o cocô do bebê, enquanto aguardamos o cara da NET no telefone e pegando o uniforme caído no chão com os dedos do pé (agarra, dá um impulso pra cima e pega o dito cujo no ar. Quem nunca?).
TÁ NA CARA que isso tem um preço. E eu tô pagando a minha conta hoje. Queria escrever isso aqui, para que vocês vejam que a grama da vizinha não é mais verde do que a sua. Que altos e baixos acontecem em qualquer família. E também porque sei que mulher tem dessas coisas de desabafar! Comecei o texto chorando e já estou rindo da cena do cara da NET no telefone e eu cheia de cocô na mão. A gente precisa pôr pra fora e se sentir melhor. Ufa! Tá passando.
Queria terminar a semana com esse post desabafo. Porque semana que vem tem tudo de novo. E a vida não para, não é isso?
E como diz o lindo Chico, isso é o nosso “Cotidiano”:
“Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão”