É sempre igual. Entramos no parque de diversões e eu já fico me coçando para tentar encaixar uma ida do meu marido com as crianças ao banheiro ou aquela parada para o sorvete com o tempo da fila do brinquedo mais radical do lugar, onde nenhuma criança possa entrar seja pela altura ou pelas fortes emoções. Quanto mais alto e mais radical o brinquedo, melhor.
Aqui na Inglaterra estamos em período de férias até setembro e a nossa programação está intensa – na medida que a pandemia permite. Ao contrário do que pensa a maioria, a Inglaterra não é só feita de castelos, vilarejos e áreas verdes. Temos também parques de diversões para todas as idades. A diversão aqui é garantida para toda a família, especialmente no verão, quando faz calor até demais.
Nunca fui muito corajosa para parques de diversões, nem brincadeiras arriscadas. Meu máximo era a “salada mista” e mesmo assim, escapava pela tangente. Odiava aqueles trepa-trepas de ferro que sempre tinham nos parquinhos. Tinha medo de cair, bater o queixo, escorregar e ir quebrando osso a osso até lá embaixo. Mas desde que fui mãe pela primeira vez, descobri uma paixão por emoções que só uma montanha-russa tipo a de um duelo de dragões fazendo um duplo twist carpado, pode me proporcionar.
Fico realmente decepcionada quando não consigo sentir aquele frio na barriga (que não tem nada a ver com o das borboletas) ou berrar feito louca, nem que seja uma mísera vez – e saio do parque de diversões com o grito preso na garganta. Sabe, só tive consciência disso nesta última visita a um parque de diversão. Consegui, aos 45 minutos do segundo tempo, ir a DOIS brinquedos bem loucos. Que alegria! No último, as crianças ficaram me esperando, mesmo, já que a hora do sorvete e do xixi já tinha passado. “Mãe, você tem certeza que você vai nisso?”. Ela achou “muito forte” para mim, como ela mesma descreveu. Eu ri.
É engraçado como os filhos veem a gente. Como só conhecem uma parte de nós. Por mais que a gente tenha passado poucas e boas, por um parto, por apertos, perrengues, noites em claro por preocupação ou controlando a febre alta, sobrevivido a prisão de ventre de filho, a parto cesárea em terra estrangeira e vômitos múltiplos na estrada e em mim, eles nos veem frágeis e estranham uma aventurazinha numa pobre montanha-russa.
Isso é pouco, minha filha, perto de tudo que já passei com você e seus irmãos! Não, né. Claro que não disse isso! Mas deu vontade. Um dia. Ah, um dia essa conversa vai render. A maternidade nos leva a limites que nunca imaginamos sequer que existiam. É sim, por vezes (muitas até), como uma montanha-russa. Enjoy the ride.
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