Uma das consequências da pandemia tem sido a repatriação dos brasileiros espalhados pelo mundo. A saudade, nossa amiga de longa data, tem sido um dos efeitos colaterais mais duros nessa nova Era após o surgimento da Covid-19. Saudade da família nuclear, da vida de origem, da terra de origem. Saudade de gente.
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Há os brasileiros que sucumbiram à saudade e decidiram voltar para o Brasil; há os que foram transferidos de volta pela empresa e não tiveram opção; e os que permanecem em terras estrangeiras, mas que perderam um pedacinho da família que haviam montado, formada por amigos, e também sentem saudade – uma nova saudade, como um novo buraco na gente.
Não está fácil para ninguém e o isolamento de quem mora geograficamente longe da família é um pouco mais intenso, mais seco. Das amigas mais íntimas por aqui, pouquíssimas não balançaram com a ideia de um possível retorno ao Brasil pós-pandemia. Se não tiveram vontade, no mínimo fizeram o exercício mental de como seria voltar para a “terrinha”.
O exercício mental, aliás, é uma das habilidades que os imigrantes desenvolvem. Talvez seja uma qualidade inerente às pessoas que nasceram para desbravar o mundo. Imaginar e antecipar sensações e emoções é fundamental para minimizar, minimamente, algumas possíveis decepções. Perdi a conta de quantas vezes já fiz esse exercício para me entender melhor e meus desejos. Recomendo.
E nesse mar de saudade, abrimos um espacinho para os “chegantes”, novos membros adicionados nos grupos de WhatsApp ao qual já me referi em um texto aqui – os grupos de conversas que reúnem brasileiras em Londres. Tem sido um entra e sai ensandecido. Aos que foram, minha eterna amizade e meu coração. Aos que mantiveram os planos e mudaram de país em meio à pandemia: vocês têm o meu respeito. Quem sabe nos vemos em breve e preenchemos, juntos, um pouco dessa saudade com novas amizades.