Kate e Rohan Silva enfrentaram uma dura realidade por anos: dificuldades reprodutivas severas, inúmeros tratamentos e um luto doloroso. Foram duas décadas de tentativas frustradas de fertilização in vitro, abortos e, o mais devastador, a morte da filha recém-nascida, Zola, que não resistiu após apenas cinco horas de vida, em 2022. Mesmo diante do sofrimento, decidiram buscar um novo caminho para a realização do sonho de aumentar a família.
A decisão pela barriga de aluguel
Sem saber o que o destino reservava, o casal deu um novo passo: recorreram à gestação por substituição nos Estados Unidos. Foi assim que conheceram Ava, uma mulher de 34 anos, residente no Mississippi, mãe de três filhos, que se dispôs a ajudá-los na jornada parental. O processo foi iniciado com esperança, mas também com cautela, já que o histórico de Kate não inspirava muitas expectativas.
Em meio aos preparativos com Ava, um fato surpreendente mudou completamente os planos: Kate, aos 40 anos, descobriu que estava esperando um bebê de forma espontânea. Apesar do susto e do receio inicial, o casal decidiu seguir com as duas gestações. Inacreditavelmente, ambas evoluíram bem, trazendo um novo capítulo à vida deles.

Dois nascimentos, um só amor
Kate deu à luz em julho de 2024. Pouco mais de quatro meses depois, em novembro, Ava também trouxe ao mundo um bebê saudável. Os dois irmãos, com pouco mais de 17 semanas de diferença, são considerados “twiblings”, expressão em inglês que une os termos “gêmeos” e “irmãos”, e também chamados carinhosamente de “gêmeos californianos”, por conta do local onde a barriga de aluguel foi contratada.
Segundo Rohan, ex-assessor político no Reino Unido, a curiosidade das pessoas é constante: “Sempre perguntam qual é a história, porque é raro ver dois bebês tão próximos que não são gêmeos”. Além do recém-chegado duo, eles já são pais de Jozef, um menino de 6 anos.
Superando a dor com esperança
A lembrança de Zola permanece presente, como relatou Rohan: “A perda nos deixou sem chão. Decidir seguir em frente foi um ato de coragem”. Após o falecimento da filha, o casal investiu em uma agência especializada em Los Angeles, onde já tinham embriões armazenados. Com Ava, o processo foi rápido: na primeira tentativa, a gravidez se confirmou.
A chegada dos bebês também foi marcada por momentos de união e emoção. A família viajou até os Estados Unidos para acompanhar o parto conduzido por Ava. “Há uma imagem linda das duas, Kate e Ava, de mãos dadas no hospital, chorando juntas. Foi algo muito forte”, revelou Rohan. Como Kate já amamentava, conseguiu oferecer leite também ao segundo bebê desde o início.
Privacidade e respeito à individualidade dos filhos
Em relação às origens de cada bebê, o casal escolheu manter em sigilo quem nasceu por qual via. “Essa história pertence a eles. Um dia, se desejarem, terão liberdade para compartilhá-la”, disse Rohan, valorizando o direito dos filhos à própria narrativa.
A experiência, apesar das cicatrizes, trouxe uma percepção ampliada sobre o conceito de família. Para Rohan, é fundamental reconhecer diferentes formatos de parentalidade: “Hoje em dia já há aceitação para lares diversos. Espero que a barriga de aluguel seja vista da mesma forma apenas mais uma maneira legítima de trazer mais amor ao mundo”.