Uma denúncia anônima resultou na descoberta de um caso gravíssimo de maus-tratos em uma escola particular de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Um menino de quatro anos, com diagnóstico de autismo nível 3 e não verbal, foi encontrado amarrado dentro do banheiro da instituição.
A cena foi flagrada durante uma operação conjunta realizada pelo Conselho Tutelar e pela Guarda Municipal nesta segunda-feira (7/7). O menino estava preso a uma cadeira, com os pulsos amarrados por barbantes e uma cinta em volta da cintura. A professora responsável foi detida em flagrante e deve passar por audiência de custódia nesta terça (8/7). A coordenadora da escola também foi levada para prestar esclarecimentos e depois liberada.
Denúncia revelou prática recorrente, segundo advogada
A advogada da família, Daniely Mulinari, explicou que os pais da criança ficaram sabendo do caso apenas após o flagrante. “Os pais não sabiam, eles tomaram conhecimento pelo Conselho Tutelar. A Guarda Municipal pegou a escola em flagrante, ele estava amarrado no banheiro. Uma criança de quatro anos, com nível 3 de autismo, e que frequenta a escola há três anos.”
De acordo com a defesa, há suspeitas de que o menino já vinha sofrendo esse tipo de abuso anteriormente. “Recebemos outras denúncias de que, na sexta-feira, a criança também passou por essa situação. Era algo que já vinha acontecendo. Veio uma professora, que foi autuada por tortura. Os demais funcionários nem chegaram a vir. É algo absurdo, cruel e sem qualquer justificativa.”

Pais exigem justiça: “É pura maldade”
Em choque, os pais do menino pedem responsabilização de todos os envolvidos e o fechamento da escola. “Nenhuma mãe vai imaginar que acontece isso em uma escola. Estou muito indignada e quero que todos sejam presos e a escola feche”, disse a mãe, Mirian De Oliveira Ambrósio.
“Eles reclamavam do comportamento dele. Mas nunca disseram que não tinham condições de cuidar. A gente não sabe desde quando ele estava passando por isso. É uma sensação de injustiça e pura maldade”, completou o pai, Augusto Ambrósio.
Conselho Tutelar relata cena perturbadora
Monica Geawlak, conselheira tutelar que participou da ação, descreveu a cena como chocante. “Quando chegamos, já constatamos a situação, que foi bem chocante.”
O também conselheiro Vanderlei Chefer complementou: “Em dez anos de Conselho Tutelar, eu nunca encontrei uma situação dessa.”
As investigações seguem para apurar se outros funcionários da escola tinham conhecimento dos maus-tratos. Até o momento, a instituição não se pronunciou oficialmente.