A saga da jovem Juliana Marins, de 26 anos, ainda mobiliza esforços intensos na Indonésia. A brasileira, natural de Niterói, está há mais de três dias aguardando socorro em uma encosta de difícil acesso no Monte Rinjani, um dos vulcões mais altos do país.
Localização de Juliana e primeiras tentativas
Juliana foi localizada por um drone na manhã de segunda-feira (23), presa em uma área rochosa, aproximadamente 500 metros distante da trilha principal. Desde a primeira identificação, já havia descido cerca de 200 metros no terreno íngreme. Apesar de estar “visualmente imóvel”, os socorristas mantêm monitoramento contínuo.
Duas equipes foram enviadas para a missão de salvamento, conseguindo descer até 350 metros abaixo da trilha. Porém, obstáculos como a ausência de pontos seguros para ancoragem impediram o progresso. As dificuldades aumentaram por causa da neblina densa e do terreno irregular, o que levou à suspensão da operação no final da tarde (horário local), visando a segurança dos envolvidos.

Indignação e esperança nas redes sociais
A família de Juliana criou um perfil no Instagram para informar sobre o caso e mobilizar apoio. Uma das publicações expressou revolta: “O parque segue com as suas atividades normalmente, turistas continuam fazendo a trilha enquanto Juliana está PRECISANDO DE SOCORRO!”. Na mesma conta, uma mensagem de esperança: “Aguente firme, JU! Você é forte! A ajuda está chegando”, acompanhava uma foto da jovem sorrindo.
Juliana caiu do penhasco na noite de sexta-feira. No sábado, o drone a localizou cerca de 300 metros da trilha, ainda em movimento. A região está a mais de 3 mil metros de altitude, e durante a noite, a temperatura pode chegar a 1°C.
A caminho da Indonésia: O apoio da família
Manoel Marins Filho, pai da jovem, compartilhou nas redes sociais uma imagem com a filha e a esposa, declarando: “Ju, força, estamos indo te buscar”. Ele também agradeceu o apoio recebido de amigos e desconhecidos. Em um vídeo, Manoel expressou seu desejo de retornar com a filha em segurança.
Durante a tarde, ele relatou estar retido no aeroporto de Lisboa por causa do fechamento do espaço aéreo em Doha, no Catar, após tensões no Oriente Médio. “Queremos e precisamos chegar lá para poder acompanhar o resgate da Juliana”, afirmou ele.
Helicóptero em avaliação: a complexidade técnica
Autoridades do Parque Nacional de Rinjani realizaram uma reunião virtual às 14h30 (horário local), com a presença do governador da província de Sonda Ocidental. O encontro discutiu a possibilidade de acelerar o resgate com o uso de helicópteros, especialmente devido ao prazo crítico das 72 horas, conhecido como “Tempo Dourado” para salvamentos em áreas naturais.
No entanto, técnicos alertaram para as limitações. Apesar de viável, essa operação exige uma aeronave específica, capaz de suportar variações rápidas de clima e altitude. A instabilidade do tempo e os ventos fortes da região representam riscos significativos.
Especialista explica os obstáculos técnicos
O major Fábio Contreiras, do Corpo de Bombeiros do Rio, explicou que a altitude do Monte Rinjani, com seus 3.726 metros, dificulta a sustentação das aeronaves. “O helicóptero precisa ter uma potência específica para operar nessas condições”, detalhou. Além disso, ressaltou que o voo só pode ser realizado com visibilidade plena — o que não é possível com neblina e ventos intensos.
Segundo ele, esses fatores tornam o voo visual arriscado: “O vento pode ser descendente, empurrando a aeronave para baixo, o que cria um risco enorme para a tripulação”.
A versão do guia da trilha
O guia local, Ali Musthofa, que acompanhava o grupo de turistas, afirmou que não abandonou Juliana. De acordo com ele, a recomendação foi apenas para que ela descansasse, e ele seguiria um pouco à frente, esperando por ela mais adiante.
Musthofa relatou que, ao notar a ausência da brasileira, retornou ao último ponto de parada. Quando ouviu a voz de Juliana e viu a lanterna cerca de 150 metros abaixo, tentou contato e pediu ajuda à empresa para a qual trabalha, que acionou a equipe de resgate. “Não era possível ajudar sem equipamentos adequados”, justificou.
Ele também revelou que Juliana pagou cerca de R$ 830 pelo pacote para subir ao cume do vulcão.