A família de Juliana Marins, jovem brasileira que perdeu a vida após cair no Monte Rinjani, na Indonésia, relatou ao jornal O Globo que tomou conhecimento dos resultados da autópsia somente depois que os detalhes foram divulgados publicamente. Segundo os parentes, ninguém entrou em contato oficialmente com eles antes da divulgação na mídia.
“Ficamos sabendo junto com o resto do mundo”
Mariana Marins, irmã de Juliana, afirmou estar profundamente decepcionada com a forma como tudo foi conduzido. “Tudo o que eu sei, vi pela mídia. Em nenhum momento houve compaixão ou respeito suficiente para nos reunir e informar primeiro. Ficamos sabendo depois porque o legista quis seus 15 minutos de fama, mais um absurdo no meio de toda essa história”, desabafou.
A revolta da família está ligada não só à maneira como os dados foram compartilhados, mas também à falta de atenção com os familiares mais próximos da vítima. A notícia pegou todos de surpresa, sem qualquer preparação ou apoio psicológico.

Pai aguarda respostas em Bali
Enquanto Mariana acompanha a situação do Brasil, o pai da jovem, Manoel Marins, está em Bali, na tentativa de buscar esclarecimentos. Ele confirmou que soube da autópsia por meio de portais de notícia e ainda aguarda uma comunicação formal por parte das autoridades indonésias.
Segundo a irmã, é possível que uma reunião com os familiares aconteça apenas agora, “depois que todo mundo já teve acesso ao laudo pela imprensa”.
Divergências sobre o horário da morte
O responsável pela autópsia, o legista Ida Bagus Alit, do Hospital Bali Mandara, declarou que não houve sinais de sofrimento prolongado após o trauma fatal. No entanto, não especificou o horário exato da morte. A ausência dessa informação causa confusão, especialmente porque relatos de turistas e vídeos feitos durante o resgate apontam uma possível sobrevivência por várias horas.
“Se o legista disser que a morte foi 12 horas após a primeira queda, isso é mentira. Temos relatos de turistas, registros, vídeos… muita coisa que comprova que a Juliana ficou viva por muito mais tempo. O ferimento fatal pode ter acontecido na última queda, já perto do resgate. Agora, se ele confirmar que foi entre 12 e 24 horas antes do resgate, isso muda tudo”, explicou Mariana.
Turistas registraram Juliana com vida
Testemunhas que estavam no local no dia do acidente relataram que Juliana estava viva pelo menos três horas após a queda inicial. Ela teria pedido ajuda, e um drone foi utilizado pelo grupo para localizar sua posição. Essas imagens foram entregues tanto à família quanto aos voluntários que participaram das buscas.
“Vamos ter acesso a essas informações agora, meu pai está lá”, acrescentou Mariana, referindo-se ao material que pode trazer mais clareza ao que realmente aconteceu.
Sentimento de abandono
Para a família Marins, além da dor da perda, o sentimento é de abandono e descaso. Eles sentem que não houve a mínima sensibilidade em relação ao sofrimento que estão enfrentando. Em momentos tão delicados, esperavam ser informados diretamente, com humanidade e respeito.
A expectativa agora é que as autoridades se manifestem de forma clara, prestem os devidos esclarecimentos e garantam que novas informações cheguem primeiro aos entes queridos, como deveria ter acontecido desde o início.