Um médico ginecologista e obstetra, Felipe Sá, de 40 anos, foi preso no último final de semana em Maringá, no norte do Paraná, após diversas denúncias de abuso sexual feitas por suas pacientes. Pelo menos 15 mulheres compareceram à polícia para relatar os abusos cometidos por Sá, cuja investigação revelou a manipulação das vítimas através de um discurso que aparentava promover o empoderamento feminino. A defesa do médico alega que as acusações são insustentáveis.
As vítimas, em entrevista exclusiva ao programa Fantástico, neste último domingo, 18 de junho, relataram situações perturbadoras vivenciadas durante as consultas com o médico. Uma das vítimas afirmou que Sá tentou hipnotizá-la durante o exame ginecológico, enquanto outra paciente recusou repetidamente o pedido do médico para levantar a blusa.
De acordo com as investigações, essas práticas cometidas por Felipe Sá são consideradas importunação sexual. Além disso, houve relatos de tentativas de manipulação psicológica e solicitações inapropriadas, como masturbação e exibição dos seios.
Fernanda Cassim, uma das vítimas do médico, revelou que só percebeu que estava sendo abusada depois de tomar conhecimento de relatos de outras mulheres que vivenciaram situações semelhantes. Ela ressaltou que, se não tivesse interrompido o médico, os abusos poderiam ter continuado. Outras mulheres denunciaram que Sá introduziu a mão em seus canais vaginais e estimulou o clitóris sem consentimento, causando traumas duradouros.
“Ele estava me examinando e ele tentou me estimular e eu imediatamente disse pra ele parar e ele dizia coisas, né? Ele dizia ‘você precisa relaxar’, ‘você precisa entender que o seu corpo pode te dar muito prazer’, e aí eu, imediatamente, quando eu percebi que ele me estimulou eu imediatamente afastei ele e sentei na maca e disse que aquilo não era um exame ginecológico. E aí ele falou que eu precisava estar mais aberta, que eu tinha que quebrar muitos tabus ainda, que aquilo não era o posicionamento de uma mulher empoderada.” Relatou Fernanda, uma das vítimas de Felipe Sá
A psicóloga Vivian Rafaela Prestes também relatou episódios perturbadores, incluindo comentários inapropriados do médico sobre sexo oral e sua própria excitação durante a consulta. Após essas experiências traumatizantes, ela decidiu não retornar mais à clínica.
O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) abriu um procedimento para investigar o possível desvio de conduta ética do médico e afirmou que o processo está em andamento, mas segue em sigilo. A Polícia Civil está investigando Felipe Sá pelos crimes de violação sexual mediante fraude, importunação sexual e estupro de vulnerável.
As investigações tiveram início em janeiro de 2023, após três pacientes denunciarem o médico. Até o momento, 15 mulheres registraram queixas na Delegacia da Mulher em relação aos abusos cometidos por Sá. A polícia continuará colhendo depoimentos das vítimas nas próximas semanas, e o médico será interrogado posteriormente.
Dimitri Tostes Monteiro, delegado responsável pelas investigações na Delegacia da Mulher de Maringá, explicou que o médico utilizava seu espaço profissional para cometer os supostos abusos, explorando a fragilidade das pacientes. Segundo o delegado, não foram encontradas evidências de que o médico possuía qualquer formação em hipnose, mesmo que ele tenha utilizado esse artifício para facilitar suas práticas criminosas.
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