As autoridades da Indonésia abriram uma investigação para entender o que levou à morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, durante uma trilha no Monte Rinjani, na ilha de Lombok. A jovem caiu de uma região íngreme e de difícil acesso, e seu corpo foi encontrado cerca de uma semana depois, a 650 metros de profundidade.
Segundo comunicado divulgado pela Polícia Regional de Nusa Tenggara Barat, a investigação busca apurar se houve falha ou negligência por parte de quem organizou ou acompanhava a expedição. A ideia é entender as circunstâncias do acidente e avaliar se há elementos que possam apontar para algum tipo de responsabilidade criminal.
Guia nega ter deixado Juliana sozinha
Ali Musthofa, o guia responsável por acompanhar Juliana no dia da tragédia, foi uma das pessoas ouvidas pela polícia. Em entrevista ao jornal O Globo, ele negou que tenha deixado a brasileira sozinha e afirmou que os dois haviam combinado uma breve pausa durante a subida.
“Na verdade, eu não a deixei, mas esperei três minutos na frente dela. Após uns 15 ou 30 minutos, a Juliana não apareceu. Procurei por ela no último local de descanso, mas não a encontrei. Eu disse que a esperaria à frente. Eu disse para ela descansar”, contou Ali.
Segundo ele, a separação teria durado pouco tempo. Quando percebeu que Juliana não aparecia no ponto combinado, resolveu voltar para procurá-la. Foi nesse momento que notou algo estranho: “Percebi [que ela havia caído] quando vi a luz de uma lanterna em um barranco a uns 150 metros de profundidade e ouvi a voz da Juliana pedindo socorro. Eu disse que iria ajudá-la”, relatou. “Tentei desesperadamente dizer a Juliana para esperar por ajuda.”

Resgate foi acionado após alerta do guia
Ali afirmou ainda que, ao constatar a queda, acionou imediatamente a empresa pela qual trabalha para pedir socorro. “Liguei para a organização onde trabalho, pois não era possível ajudar a uma profundidade de cerca de 150 metros sem equipamentos de segurança”, explicou. Ele destacou que a equipe de resgate foi avisada rapidamente e iniciou os preparativos para alcançar o local onde Juliana estava.
O guia, que atua na região desde novembro do ano passado e costuma subir o Monte Rinjani até duas vezes por semana, contou que Juliana pagou o equivalente a R$ 830 pelo passeio. A família da jovem afirma que o corpo foi encontrado em uma área considerada extremamente difícil de acessar, o que dificultou o trabalho das equipes.
Polícia segue ouvindo testemunhas
De acordo com o chefe da divisão de crimes da polícia de East Lombok, I Made Dharma Yulia Putra, o caso ainda está em fase inicial. “Ainda estamos coordenando com a equipe da Embaixada do Brasil. Eles também monitoram diretamente as informações que se desenvolvem a partir deste caso. Nenhum suspeito foi determinado. Nós nos concentramos na coleta de dados e na análise de depoimentos de testemunhas”, declarou.
Além do guia, também prestaram depoimento um guarda florestal, um integrante da equipe de resgate e outras pessoas que estavam no grupo de escalada junto com Juliana. A intenção da polícia é montar uma linha do tempo precisa para entender o que aconteceu entre o momento da separação e a queda.
Investigação continua
A morte de Juliana Marins mobilizou familiares, amigos e brasileiros que acompanharam o caso nas redes sociais. A investigação segue em andamento, e as autoridades da Indonésia ainda analisam os dados e depoimentos colhidos para decidir os próximos passos. Até o momento, ninguém foi apontado como suspeito.