A notícia da morte do Papa Francisco pegou muita gente de surpresa. Mesmo após uma recuperação que parecia estar indo bem, o líder da Igreja Católica partiu de forma repentina e silenciosa. E quem acompanhou tudo de perto foi o médico Sergio Alfieri, que compartilhou com a imprensa detalhes tocantes sobre as últimas horas de vida do pontífice.
O susto na madrugada
Na manhã de segunda-feira, por volta das 5h30, Alfieri recebeu uma ligação urgente, solicitando que ele fosse ao Vaticano o quanto antes. Em poucos minutos, ele já estava no quarto do papa. Ao entrar, encontrou Francisco com os olhos abertos, mas sem resposta. “Chamei pelo nome dele, mas não houve reação”, contou o médico.

Foi nesse momento que ele percebeu que o papa havia entrado em coma. A causa foi um derrame fulminante. O médico disse que, mesmo que tivessem tentado levá-lo ao hospital, ele provavelmente teria morrido no caminho. “Fazendo uma tomografia, teríamos um diagnóstico mais exato, mas nada mais. Foi um daqueles derrames que, em uma hora, te levam embora”, relatou Sérgio ao La Repubblica
O papa continuou ativo até o fim
Francisco, aos 88 anos, já vinha enfrentando uma batalha contra uma pneumonia bilateral que o levou a uma internação de 38 dias no hospital Gemelli, em Roma. Após receber alta em 23 de março, a recomendação médica era de dois meses de descanso absoluto.
Mas quem conhece o papa sabe que ele não era do tipo que ficava parado. Mesmo se recuperando, ele participou de compromissos importantes, como a tradicional celebração do Domingo de Páscoa, quando apareceu no papamóvel e acenou para milhares de fiéis na Praça de São Pedro. Também recebeu autoridades, como o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, e até fez uma visita surpresa a uma prisão em Roma na Quinta-feira Santa, dia 17 de abril, para desejar felicidades aos detentos.
Segundo Alfieri, nada disso foi imprudência. Francisco seguia as orientações médicas e fazia tudo com moderação. Trabalhar, aliás, fazia parte do processo de cura. “Voltar ao trabalho fazia parte do seu tratamento e ele nunca esteve exposto a perigos”, “Ele estava feliz por voltar ao que amava”, disse o médico.
Uma despedida comovente
A última vez que o médico viu o papa foi no sábado anterior à sua morte. Eles conversaram, trocaram risadas e até compartilharam um momento especial: Alfieri levou uma torta do sabor preferido do pontífice. O presente arrancou um sorriso de Francisco, que afirmou estar se sentindo bem e animado por ter retomado o trabalho.
“Sabíamos que ele queria voltar para casa e ser papa até o último momento. Ele não nos decepcionou”, disse Alfieri. E assim foi. Ele viveu e partiu como queria: fazendo o que amava, no lugar onde se sentia mais em paz, sem sofrimento, e cercado por aqueles que cuidavam dele com carinho e respeito.

O papado de Francisco e suas contribuições
Jorge Mario Bergoglio, conhecido como Papa Francisco, foi eleito em 2013, após a renúncia de Bento XVI. Ele foi o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo. Durante os 12 anos de seu papado, Francisco se destacou por sua postura aberta e reformista, promovendo o diálogo inter-religioso e apoiando temas como a inclusão social, a proteção ambiental e a luta contra a pobreza.
Francisco também se tornou conhecido por suas críticas à estrutura de poder dentro da Igreja, buscando modernizar alguns de seus dogmas e práticas. Seu papado, no entanto, não foi isento de controvérsias, com muitos setores conservadores da Igreja criticando suas posições. Ele também enfrentou grandes desafios, como as questões relacionadas aos abusos sexuais dentro da Igreja.