No Reino Unido, uma situação alarmante envolvendo o consumo de raspadinha ganhou destaque. Uma menina de apenas 4 anos foi internada após sofrer uma queda brusca na glicose sanguínea, desencadeada pelo consumo da bebida congelada. O caso de Marnie Moore, que desmaiou minutos depois de tomar a raspadinha, serve como um alerta para os riscos que esse tipo de produto pode oferecer a crianças pequenas, principalmente quando contém um ingrediente específico, a glicerina.
Marnie, filha de Kim Moore, estava em uma festa infantil com sua irmã Orla, de seis anos, quando as duas tomaram uma quantidade considerável de raspadinha. Segundo a mãe, “Minhas duas filhas estavam tomando raspadinhas, comendo, brincando”, recordou Kim em entrevista ao Daily Mail. No entanto, a situação de Marnie começou a se complicar rapidamente.
Após apenas 10 minutos, a menina começou a demonstrar sinais estranhos. “Eu achei que ela estava dormindo, mas fui tentar acordá-la e percebi que ela havia desmaiado, estava inconsciente! Ela também estava realmente muito pálida!” contou Kim, visivelmente assustada. Percebendo que algo estava errado, a mãe tomou uma decisão urgente: “Eu sabia que alguma coisa estava muito errada, acho que foi instinto materno. Eu sacudia minha filha, tentando acordá-la e nada.”
Imediatamente, Kim levou a filha ao hospital, onde os médicos diagnosticaram que a menina estava sofrendo de hipoglicemia. Este quadro ocorre quando os níveis de glicose no sangue caem drasticamente, o que pode levar a complicações graves, como convulsões e até coma. No caso de Marnie, ela permaneceu inconsciente por cerca de 25 minutos. Apenas com a administração de açúcar, foi possível estabilizar a menina. “Quando minha filha acordou, ela gritou muito, dizendo que sua cabeça doía demais e vomitou bastante”, relembrou a mãe.
Apesar de já ter recebido alta e se recuperado, Marnie permaneceu internada por três dias. A experiência foi suficiente para convencer Kim a proibir suas filhas de consumir raspadinhas novamente, independentemente da idade. “Eu nunca mais vou deixar minhas filhas tomarem, mesmo depois dos 12 anos. Não vale o risco. Eu não desejo o que passamos nem para o meu pior inimigo”, afirmou Kim, mostrando sua preocupação com o impacto desse tipo de bebida.

O estudo que revelou os perigos da glicerina nas raspadinhas
O caso de Marnie não é isolado. Recentemente, um estudo publicado na Archives of Disease in Childhood, uma respeitada revista científica, trouxe à tona uma questão preocupante. A pesquisa, conduzida pela Universidade College Dublin, analisou 21 casos de crianças com idades entre 2 e 7 anos que enfrentaram complicações de saúde após consumir raspadinhas. A principal conclusão da pesquisa foi que o ingrediente glicerina, utilizado frequentemente nas raspadinhas, é responsável por essas reações adversas.
A glicerina é adicionada às raspadinhas com a função de substituir o açúcar, proporcionando uma textura mais suave e evitando que a bebida congele completamente. Embora esse ingrediente seja seguro para adultos e crianças maiores, ele pode ser problemático para crianças pequenas, cujo organismo ainda não possui a capacidade de processá-lo adequadamente. Isso leva ao acúmulo de glicerina no corpo, o que pode reduzir os níveis de glicose no sangue, resultando em hipoglicemia.
Nos casos mais leves, a ingestão de glicerina pode provocar sintomas como dores de cabeça e náuseas. Contudo, em cenários mais graves, como o de Marnie, a hipoglicemia pode levar a complicações sérias, incluindo desmaios e convulsões. O estudo concluiu que, para evitar esses riscos, as raspadinhas que contêm glicerina devem ser consumidas apenas por crianças acima de 8 anos de idade. Além disso, a pesquisa sugere que, mesmo para crianças dessa faixa etária, o consumo de raspadinhas deve ser evitado se a criança estiver com peso abaixo da média para sua idade.