A morte da jovem brasileira Juliana Marins, de 26 anos, durante uma trilha no Monte Rinjani, reacende o alerta sobre os perigos que cercam essa famosa montanha vulcânica no Sudeste Asiático. Embora o local atraia aventureiros de todas as partes do mundo, o trajeto até o cume é repleto de obstáculos traiçoeiros, condições imprevisíveis e riscos que têm ceifado vidas ao longo dos anos.
Uma tragédia recente que chamou atenção
Juliana estava em uma expedição rumo ao topo do Monte Rinjani quando sofreu uma queda fatal em um desfiladeiro, na sexta-feira, 20 de junho. Equipes de busca enfrentaram dias de dificuldades para encontrá-la, lidando com terrenos íngremes, clima instável e visibilidade comprometida. Infelizmente, o corpo da brasileira foi localizado apenas quatro dias depois. A confirmação veio da própria família:
“Hoje, a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido.”
Reportagem no Fantástico sobre brasileira que caiu na trilha do vulcão. pic.twitter.com/Vfv50ICVPu
— Che_quei (@Che_quei) June 23, 2025
Um histórico de mortes alarmante
Nos últimos cinco anos, pelo menos seis pessoas morreram em trilhas na região do Monte Rinjani. As vítimas incluem alpinistas de diferentes nacionalidades e idades. A seguir, relembre alguns dos casos mais marcantes:
- Dezembro de 2021: um indonésio de 26 anos caiu em um penhasco de 100 metros na trilha de Senaru.
- Agosto de 2022: um alpinista português perdeu a vida ao despencar enquanto tirava uma selfie no topo da montanha.
- Junho de 2024: uma turista suíça faleceu após cair em uma trilha considerada ilegal, na região de Bukit Anak Dara.
- Setembro de 2024: um morador de Jacarta desapareceu e foi encontrado dias depois, graças a um drone com câmera térmica.
- Outubro de 2024: um irlandês caiu de um desfiladeiro, mas sobreviveu com ferimentos leves.
- Maio de 2025: o malaio Rennie Bin Abdul Ghani, de 57 anos, morreu durante a descida pela rota de Torean, após cair de uma altura de quase 100 metros.
Um vulcão majestoso, mas traiçoeiro
O Monte Rinjani é o segundo maior vulcão da Indonésia, com mais de 3.700 metros de altitude. Suas paisagens são de tirar o fôlego — literalmente e figurativamente. As trilhas são compostas por terrenos arenosos, penhascos estreitos e encostas rochosas que exigem preparo físico e experiência técnica.
Conforme explicam montanhistas locais, não se trata de um destino para iniciantes. O uso de guias é comum, mas mesmo com apoio profissional, o risco é constante. Muitas expedições começam ainda de madrugada, sob pouca luz, com equipamentos simples como lanternas de cabeça.
Condições climáticas complicam a aventura
As mudanças de tempo repentinas são um dos maiores perigos da região. A combinação de vento forte, chuva e neblina pode transformar a trilha em um verdadeiro campo minado natural. Astudestra Ajengrastri, especialista e editora assistente da BBC na Ásia, resume bem a situação:
“Em dias ruins, a visibilidade desaparece por completo. A neblina densa cobre os penhascos e a chuva torna as trilhas escorregadias. As operações de resgate ficam ainda mais difíceis porque não há acesso por veículos — tudo precisa ser feito a pé.”
Fechamentos temporários e segurança
Entre janeiro e março de 2025, o Parque Nacional do Monte Rinjani ficou fechado devido ao período de chuvas intensas. A reabertura aconteceu somente após avaliações de segurança feitas pelas autoridades locais. Esse tipo de interrupção nas atividades é comum e visa proteger tanto os visitantes quanto as equipes que trabalham na região.