A emocionante e complexa história de Adriana Smith, uma americana de 30 anos, está mobilizando debates nos Estados Unidos sobre o impacto das leis estaduais antiaborto. Após ser diagnosticada com morte cerebral no início da gestação, ela permaneceu conectada a aparelhos por quatro meses para que seu bebê pudesse continuar a se desenvolver.
Um nascimento marcado por esperança
Na madrugada do dia 13 de junho, às 4h41, nasceu o pequeno Chance, filho de Adriana. O parto foi realizado por cesariana de emergência. Segundo sua avó materna, April Newkirk, o bebê nasceu com aproximadamente 450 gramas e foi imediatamente transferido para a UTI Neonatal.
“Esperamos que ele consiga se recuperar. Ele está lutando pela vida. Pedimos apenas orações por ele. Ele está aqui agora”, declarou April, visivelmente emocionada ao canal 11 Alive.

Despedida comovente da mãe
Após o nascimento do bebê, os aparelhos que mantinham Adriana viva foram desligados no dia 17 de junho. A despedida foi marcada por dor e saudade. A mãe da jovem compartilhou sua tristeza: “É difícil de aceitar. Sinto como se isso não devesse acontecer. Eu sou a mãe dela, não deveria estar enterrando minha filha.”
Durante o fim de semana anterior, a família celebrou o que seria o 31º aniversário de Adriana.
Diagnóstico tardio e falhas no atendimento
O pesadelo começou em fevereiro, quando Adriana procurou ajuda médica devido a dores de cabeça intensas. Grávida de apenas nove semanas, ela foi atendida em um hospital da rede Northside, em Atlanta, onde recebeu medicação e foi liberada sem a realização de exames mais aprofundados.
No dia seguinte, seu quadro piorou significativamente, com sinais de dificuldade respiratória. Levada a outra unidade de saúde, desta vez no Emory Hospital, foi diagnosticada com trombose cerebral e teve morte cerebral constatada poucas horas após a internação.
Leis restritivas impediram decisão familiar
Apesar da condição irreversível, a jovem foi mantida em suporte artificial de vida para possibilitar o desenvolvimento do feto. A família não teve autonomia para tomar uma decisão diferente, devido às rígidas normas do estado da Geórgia sobre a interrupção da gravidez.
O estado, governado pelo republicano Brian Kemp, possui uma das legislações mais restritivas do país. Conhecida como Lei LIFE, a regra impede a realização de abortos a partir da sexta semana de gestação, com raras exceções.
O debate ético reacende nos Estados Unidos
O caso de Adriana reacendeu a discussão nacional sobre os limites éticos e legais das legislações antiaborto. Diversos veículos e ativistas vêm questionando o quanto essas leis interferem nas decisões das famílias e dos profissionais de saúde em situações de alto risco ou prognóstico terminal.
Um porta-voz do Emory Hospital afirmou que a instituição atua dentro dos parâmetros legais e médicos, sempre buscando o melhor para os pacientes: “Adotamos decisões com base na orientação de especialistas, evidências científicas e em conformidade com as leis vigentes da Geórgia.”