Publicado em 22/02/2024, às 15h36 por Jennifer Detlinger
Uma denúncia de exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó, no Pará, ganhou as redes sociais na última semana após a apresentação da música autoral "Evangelho de fariseus" pela cantora Aymeê, durante a semifinal do programa "Dom reality", na última quinta-feira, 15 de fevereiro.
A canção de Aymeê jogou luz sob uma realidade vivenciada por crianças na ilha amazônica. Em um dos versos, ela menciona diretamente Marajó, destacando problemas sociais e ambientais, incluindo a exploração sexual e o tráfico de pessoas menores de idade. "Enquanto isso, no Marajó / O João desapareceu / Esperando os ceifeiros da grande seara / A Amazônia queima / Uma criança morre / Os animais se vão / Superaquecidos pelo ego dos irmãos", diz a música.
"Marajó é muito turístico, e as famílias lá são muito carentes. As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por R$ 5", declarou a cantora durante sua apresentação.
Desde então, o tema tem ganhado destaque nas redes sociais, com personalidades como Virginia Fonseca, Juliette, Rafa Kalimann e Eliezer se unindo em uma campanha para conscientizar e exigir ações contra essa violência. Com a volta do assunto, diversos vídeos de moradores relatando casos de exploração sexual de menores na região também foram postados nas redes sociais.
A denúncia que veio à tona com a música de Aymeê não é novidade ou um caso isolado. É preciso entender o que de fato está acontecendo – e o que já aconteceu – no Marajó, sem cair em fake news ou desinformações.
"Em todos os níveis, e de sul a norte do país, precisamos de políticas públicas baseadas em evidências, boas práticas, saberes tradicionais, valores do bem viver - não mentiras, distorções, manipulações, pânico moral, racismo, nem de qualquer outra forma de violência. Para proteger as crianças da violência, o caminho é o fortalecimento do sistema de proteção e garantia de direitos das crianças e dos adolescentes, como as escolas e os conselhos tutelares", informou a ONG Observatório do Marajó, que integra o Fórum da Sociedade Civil do Marajó.
1. Redes criminosas de exploração sexual de crianças e adolescentes e de tráfico internacional de pessoas, órgãos, animais, madeira, biotecnologia/pirataria e substâncias ilícitas operam no Marajó, na Amazônia e em todas as regiões do país.
— Observatório do Marajó (@obsdomarajo) February 22, 2024
Relatos sobre a exploração sexual de menores e a violência sexual contra crianças e adolescentes na região, infelizmente, são antigos. Em uma reportagem de 2019, por exemplo, a Agência Pública entrevistou a Irmã Marie Henriqueta Ferreira Cavalcante — considerada referência no combate à exploração e à violência sexual de crianças e adolescentes no Pará. Na ocasião, ela contou que ouviu vítimas relatarem serem exploradas sexualmente desde os 5 anos em troca de alimentos e dinheiro.
"As nossas crianças sobem naquelas balsas e muitas descem com pequenos objetos, às vezes com pequenos alimentos, um litro de óleo diesel, em troca da exploração do seu corpo. Conversei bastante com as duas meninas que foram encontradas nessa balsa. A de 18 disse que desde os 5 anos de idade era explorada sexualmente em troca de comida. Hoje ela diz que é ‘prostituta da balsa’ e que seu sonho é casar com um gaúcho pra sair da miséria. A menina de 9 anos disse que subia desde que se entendia por gente, pra ganhar comida”, detalhou, na época, ao veículo.
O Marajó tem 14 dos seus 16 municípios na lista dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil (com informações dos Censos de 1991, 2000 e 2010). Melgaço, que tem pouco mais de 26 mil moradores, está em último lugar na lista do país, na 5565a colocação. O município ficou conhecido por causa das muitas reportagens denunciando a exploração sexual de meninas nas balsas de carga, que recebe embarcações de diversos locais do país.
Em maio de 2023, o governo federal lançou o programa Cidadania Marajó, que foi lançado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para enfrentar a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes. O programa tem como foco a promoção de atividades de escuta e atendimentos à população.
A iniciativa atual substituiu o "Abrace o Marajó", projeto que foi criado durante o governo anterior e chegou a receber muitas críticas de organizações civis e instituições públicas pela baixa atuação no arquipélago e envolvimento com fake news.
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