Bhoomi Chauhan, de 28 anos, viveu o que ela mesma descreve como um verdadeiro milagre. A estudante de administração de empresas, que mora com o marido na Inglaterra, estava de férias na Índia e perdeu por poucos minutos o voo AI171 da Air India, que caiu logo após a decolagem, matando 241 pessoas a bordo.
“Quando perdi o voo, fiquei deprimida. A única coisa que eu tinha em mente era: ‘Se eu tivesse saído um pouco mais cedo, teria embarcado’”, desabafou Bhoomi.
Ela chegou ao aeroporto de Ahmedabad, no oeste do país, cerca de 10 minutos após o horário previsto para embarque, por conta do trânsito congestionado que enfrentou ao sair da cidade de Ankleshwar, a cerca de 200 km dali.
“O trânsito me salvou”
No momento em que foi impedida de embarcar, Bhoomi lembra de ter sentido raiva e frustração. “Ficamos muito bravos com o nosso motorista e saímos do aeroporto frustrados. Fiquei muito decepcionada.” Mais tarde, ela e o marido pararam para tomar um chá e conversar com o agente de viagens sobre o reembolso das passagens.
Foi nesse momento que o telefone tocou. A notícia veio como um choque: o voo no qual ela deveria estar havia caído poucos minutos após a decolagem.
“Isso é um verdadeiro milagre para mim”, disse à BBC, ainda abalada.

Ela já havia feito o check-in, mas não pôde embarcar
Bhoomi havia feito o check-in online e estava com o cartão de embarque digital, que indicava o assento 36G na classe econômica. Mesmo assim, ao chegar ao aeroporto às 12h20 no horário local, poucos minutos após o início do embarque os funcionários da companhia aérea impediram sua entrada.
“Pedi aos funcionários da companhia aérea que me deixassem entrar, pois estava apenas 10 minutos [atrasada]. Eu disse a eles que sou a última passageira e que me deixassem embarcar, mas eles não me deixaram.”
Pouco depois, o voo com destino ao aeroporto de Gatwick, em Londres, decolou normalmente. Mas cerca de 30 segundos depois da decolagem, a aeronave perdeu altitude e caiu em uma área residencial. Todos os 241 ocupantes, incluindo 12 tripulantes, morreram. O acidente também vitimou ao menos oito pessoas que estavam em solo.
Tragédia evitada por minutos
Bhoomi agora tenta lidar com o fato de saber que escapou por muito pouco de uma tragédia. “Ainda não consigo acreditar. A tristeza que senti por perder o voo virou alívio e culpa também. Eu poderia estar naquele avião”, disse.
Um dos poucos sobreviventes foi o britânico Vishwashkumar Ramesh, que foi resgatado com vida e segue em tratamento hospitalar. A bordo, havia cidadãos da Índia, Portugal, Canadá e Reino Unido.
As autoridades seguem investigando as causas do acidente, enquanto familiares das vítimas tentam lidar com a dor da perda repentina.