A história do caso de Suzane von Richthofen é uma das mais marcantes do Brasil. A jovem, que foi condenada a 39 anos de prisão pelo assassinato de seus pais, que ocorreu em outubro de 2002 e continua a ser foco de atenção, não só pelo crime em si, mas também por uma pendência financeira que ainda permanece em aberto, uma dívida de mais de R$ 50 mil, referente à pensão que Suzane recebeu enquanto estava presa.
Este caso começou a ganhar notoriedade quando, entre 2002 e 2004, ela foi beneficiada com uma pensão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) após a morte de seus pais. O problema é que a pensão foi paga justamente pela morte dos próprios genitores, um crime cometido por ela e seu namorado à época.

O pagamento da pensão e o começo da cobrança
Após o assassinato dos pais de Suzane, o INSS começou a pagar a pensão por morte, algo comum para dependentes de pessoas falecidas. No entanto, após a condenação de Suzane, o Ministério Público Federal (MPF) começou a questionar o pagamento, alegando que não fazia sentido ela ser beneficiada pelo crime que cometeu.
O processo judicial em relação a essa pensão foi longo e complicado. Em 2013, uma ministra do STF determinou que Suzane devolvesse o valor de R$ 44.500. Esse valor correspondia aos pagamentos irregulares que ela havia recebido enquanto estava presa, no entanto, Suzane alegou que já havia gasto todo o dinheiro e não tinha como devolver o valor à União.
A última movimentação no processo aconteceu em fevereiro de 2025, quando a Justiça reafirmou a cobrança da dívida e manteve as buscas por bens que possam ser penhorados
As tentativas de localizar Suzane
A Justiça Federal, então, começou a intensificar as buscas para tentar localizar bens de Suzane que pudessem ser penhorados para cobrir a dívida. A Receita Federal, em conjunto com outros órgãos, fez buscas nos sistemas Bacenjud, Renajud e Infojud, tentando localizar contas bancárias, veículos ou imóveis em nome da devedora. Mas, até hoje, não foi encontrado nenhum bem registrado em nome de Suzane, o que dificultou ainda mais o processo de penhora.
A dívida de R$ 52.993,30 foi, então, inscrita na Dívida Ativa da União. Isso significa que o nome de Suzane foi colocado nos cadastros de inadimplentes, como o Serasa, o que pode afetar a sua capacidade de realizar negócios financeiros e ter acesso a crédito.
Apesar disso, Suzane ainda consegue se manter fora do radar da Receita Federal. Relatos indicam que ela tem sido vista em diversas cidades do interior de São Paulo, como Angatuba, Bragança Paulista e Atibaia, além da Riviera de São Lourenço, em Bertioga, porém o endereço exato de Suzane permanece um mistério, o que impede os agentes de encontrá-la para cobrar a dívida.
Suzane continuou recebendo benefícios
Um fato curioso sobre a inadimplência é que, em 2024, Suzane foi aprovada no Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), um programa do Governo Federal que financia cursos de graduação em instituições privadas para estudantes que não têm condições de pagar as mensalidades. Isso significa que, apesar da dívida com a União, Suzane conseguiu acesso a um benefício público para financiar seus estudos. Ela começou a cursar direito no início do ano passado.
O FIES é um programa mantido com recursos públicos, e, em tese, quem tem pendências financeiras com a União não deveria ser beneficiado por ele. No caso de Suzane, a cobrança da dívida impediria que ela recebesse auxílios do governo.