Se você é do tipo que mal consegue decidir o que vai cozinhar no jantar, imagina participar de uma eleição que pode mudar os rumos da Igreja Católica no mundo inteiro. Pois é isso que vai acontecer a partir do dia 7 de maio, quando começa oficialmente o Conclave, o tradicional evento onde os cardeais do Vaticano se reúnem para eleger o novo papa.
Entenda como essa escolha funciona, o que acontece nos bastidores e por que a Capela Sistina vai ficar fechada por tempo indeterminado.
Por que o conclave acontece agora?
Com a morte do Papa Francisco e seu sepultamento no último sábado, a Igreja Católica entra num período chamado Novendiales, que são nove dias de luto e orações. Só depois disso é que pode rolar a eleição. E foi numa reunião entre cardeais nesta segunda-feira, 28 de maio, que ficou decidido que o conclave começa dia 7 de maio.
Esse tipo de reunião é chamada de Congregação Geral, e durou três horas e meia. Dos 180 cardeais que participaram, 133 têm direito a voto. E, entre eles, estão sete brasileiros.
Como funciona essa votação?
O conclave é um processo antigo, cheio de rituais e muito silêncio. Os cardeais ficam isolados dentro do Vaticano, na famosa Capela Sistina, e não podem ter nenhum tipo de contato com o mundo externo. Isso inclui celular, jornal, televisão… Nem sinal de Wi-Fi por lá.
A votação acontece em clima de absoluto segredo. Cada cardeal escreve o nome do seu escolhido em uma cédula, que depois é queimada.
E se ninguém for eleito no primeiro dia?
A eleição só termina quando um cardeal receber dois terços dos votos. Isso significa que, com 133 votantes, alguém precisa conquistar pelo menos 89 votos para virar papa. Se não rolar esse número mágico logo de cara, eles fazem até quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde.
Se depois de três dias ainda estiver todo mundo indeciso, rola uma pausa para orações. E se a coisa continuar travada, novas pausas são feitas. Em casos extremos, depois de 34 votações, os dois mais votados disputam um tipo de “segundo turno”. Mas mesmo assim, só vence quem alcançar os dois terços.
Quem são os cardeais brasileiros que vão votar?
Quem vai representar o Brasil nesse momento histórico:
- Sérgio da Rocha (arcebispo de Salvador)
- Jaime Spengler (arcebispo de Porto Alegre)
- Odilo Scherer (arcebispo de São Paulo)
- Orani Tempesta (arcebispo do Rio de Janeiro)
- Paulo Cezar Costa (arcebispo de Brasília)
- João Braz de Aviz (arcebispo emérito de Brasília)
- Leonardo Ulrich Steiner (arcebispo de Manaus)
Todos eles vão participar das votações e podem até ser eleitos, afinal, qualquer cardeal com menos de 80 anos pode virar papa e não tem nacionalidade preferida.
E a Capela Sistina?
A Capela Sistina foi fechada para visitação no dia 28 de abril. Agora, além de preparar o local para o conclave, o Vaticano também precisa instalar chaminé, por onde veremos a fumaça do resultado da votação.
Alguns turistas conseguiram visitá-la no último domingo e saíram de lá sentindo-se privilegiados por serem os últimos a entrar antes do processo começar.
Quando teremos um novo papa?
Ninguém sabe exatamente. Pode durar dois dias, como aconteceu em 2005 e 2013, ou se arrastar um pouco mais. Há muito tempo atrás, no século 13, houve uma que durou mais de dois anos. Mas com tanto avanço e um número razoável de votantes, a expectativa é que a decisão não demore muito. Nos últimos 100 anos, todas as votações foram feitas de forma rápida.