Um assunto que não poderia faltar na criação dos meus filhos é a representatividade. Em todas as fases da vida e em diversas experiências, esse foi um tema de grande importância para mim: desde a infância, carreira e agora também durante a vida adulta.
Para uma criança se enxergar no mundo, entender o que ela representa e os caminhos que pode trilhar – principalmente quando se trata de filhos de uma mulher preta, como o Noah e a Sofia são, é necessário que tenham representatividade em todos os quesitos da vida, começando dentro de casa.
Uma forma que consigo transmitir esse conhecimento para os meus filhos é através do exemplo. Eles conseguem enxergar em mim uma mulher preta que trabalha, que é responsável, amorosa e que desempenha um papel na sociedade desde muito nova.
Se hoje consigo pensar assim é porque quando criança também tive as representatividades necessárias pra mim: minha mãe foi uma mulher que me mostrou muito através do exemplo e das atitudes o que era ser uma mulher forte, trabalhadora e responsável. Além dela, a mãe de uma amiga, Dona Márcia, mulher preta retinta, enfermeira chefe muito bem-sucedida, me ajudou a finalizar o meu curso de Teatro pagando a última mensalidade que restava para concluir o curso, com uma única condição: de que eu não parasse de estudar.
Esse exemplo eu levo comigo: uma mulher preta que estudou e venceu, e me incentivou a fazer o mesmo. Faço questão que a Sofia, além do meu exemplo, também se enxergue em outras mulheres pretas que desempenham diferentes funções na sociedade, para que ela saiba que ela pode ser o que quiser.
O Noah, que é muito observador desde novo, consegue enxergar exemplo nas figuras masculinas da nossa família e nos amigos. Estou criando os dois para que percebam a importância de que quando uma mulher preta se move, ela movimenta toda uma sociedade com ela. E para mim, representatividade nos dá esperança de que podemos voar alto, de que teremos oportunidades e de que podemos ser aquilo que sonhamos.