Sim, estes vilões que nos impedem de ter um dia a dia mais brincante com seus filhos estão à espreita, por aí, escondidos nas sombras. E eles chegam de sopetão! E nas férias parece que eles ganham foça. Então, antes de qualquer coisa, não se sinta culpada e culpado se você acha que brinca pouco ou quase nada com seus filhos. Ou se brinca sem saber o porquê. Acontece com todo mundo, acontece com a gente também. Pode culpar os vilões, que eles merecem!
A segunda coisa é: férias escolares é o momento para vencer a vilania. Para isso, é preciso conhecer bem estes oponentes e saber onde é seu esconderijo secreto. Só assim, poderemos combatê-los.
Escutando sempre o que as famílias nos contam no Tempojunto, conversando com as pessoas ali e com especialistas, encontramos quatro vilões principais, que nos fazem adiar a brincadeira com os filhos para o dia seguinte:
- Falta de informação sobre a importância e os benefícios do brincar;
- Desconhecimento das brincadeiras, falta de jeito para brincar;
- Falta de tempo e agenda repleta de tarefas;
- Desânimo para brincar nos momentos de folga.
Você se identifica com alguma delas? Eu sim, com várias ao mesmo tempo. Uns dias mais com uma, outros mais com outra. Bora ter dicas para vencermos esta batalha?
“Mas por que brincar é tão importante?”
Que nós queremos o melhor para os nossos filhos não há dúvida. E na ânsia de oferecer o melhor possível, esquecemos do mais simples que é a brincadeira. Os especialistas em desenvolvimento infantil são unânimes quando listam os fatores que tornam a brincadeira tão fundamental para o desenvolvimento do bebê, desde seu nascimento.
Tem mais ainda: se você quer preparar seu filho para o futuro, pense na brincadeira como principal “academia”: resiliência, criatividade, resolução de problemas, pensar fora da caixa, gestão de pessoas, liderança, se colocar no sapato do outro, lidar bem com frustrações. Todas estas características importantes para o futuro profissional do seu filho (seja lá qual for o caminho que ele escolha) são desenvolvidas enquanto ele brinca.
“Não conheço brincadeiras”
Talvez porque tenhamos brincado menos do que deveríamos, ou porque já faz tempo, é possível que nos falte repertório para brincar. Mas será que se puxarmos da memória, não vamos lembrar de um jogo, um pega-pega, um faz de conta? E mesmo assim, atualmente há muito material disponível com sugestão de brincadeiras, como Tempojunto.
É uma questão de dar o primeiro passo, buscar este material e planejar a próxima brincadeira! Tem outra coisa legal também: brincar livre. Isso significa que você não precisa sempre propor uma brincadeira. Mas você pode preparar o terreno, ou seja, abrir tempo na agenda; escolher um espaço que você se sinta confortável e seguro para seus filhos explorarem e deixar que eles liderem a brincadeira. Por mais maluca que seja, siga o brincar das crianças!
“Não tenho tempo para brincar”
Tem um amigo meu que diz assim: “Se você quer que algo seja feito, peça para alguém que tenha a agenda cheia”. Parece incrível, mas ele está certo. Quando sabemos lidar com o tempo, mesmo em uma agenda cheia é possível reorganizar as prioridades. Com a brincadeira é assim também. A partir do momento que você entende a importância para seu filho, é possível fazê-la parte do seu dia a dia. Como?
Aproveitando as brechas na agenda, seja no caminho entre a casa e a escola, a espera do pediatra, a fila do mercado, aquele espaço entre o jantar e a hora de escovar os dentes (muitas vezes preenchidos pela televisão), os dez minutinhos antes de dormir, ou aquele dia preguiçoso de chuva. Ao fazer isso, a brincadeira deixa de ser uma “obrigação de final de dia” para o adulto, mas fica diluída e vários momentos do cotidiano da família.
Nas férias escolares, eu sei que sobra tempo para as crianças e falta mais tempo ainda para você. Pratique o “deixar que eles brinquem sozinhos” é uma opção para parte do tempo. Sem telas – é possível – com a preparação de alternativas. Tem muitas sugestões aqui.
“Não tenho ânimo para brincar”
É afirmação mais comum e talvez a que gere mais culpa. Afinal, como assim, você tem ânimo para um montão de outras coisas, mas não para brincar com seu filho? Bom, fuja deste vilão agora! Dá preguiça de brincar sim, gente! Mas eu vou contar dois segredos:
- A brincadeira também faz bem para nós, adultos. Desestressa! Então, se permita de vez em quando escolher você a brincadeira do dia. Uma que você goste. Que te faça rir e lembrar da sua infância.
- Não dá para brincar o tempo todo, como as crianças fazem. Então, permita-se também propor brincadeiras as quais você observe e incentive, sem participar ativamente dela. Brincadeiras assim existem e são ótimas para o momento da preguiça e do desânimo. E seja claro com seu filho. Ele precisa entender que de vez em quanto você não está afim de brincar. Ponto. Só cuidado para este “não estar afim” não virar rotina.
Sem mais rodeios, incluir a brincadeira na rotina do seu dia a dia é como adotar um bom novo hábito. Se não começarmos, passo a passo, nada acontece. Bora combater estes vilões já nestas férias escolares!