Começamos a coluna deste mês, com um Mea Culpa: eu (aqui é a Patcamargo escrevendo) não pensei no brincar livre ao escolher a primeira escola dos meus filhos, ainda quando eles estavam com menos de 3 anos.
E, ainda por cima, eu julguei uma colega que também estava em busca da primeira escola do filho, que tinha a mesma idade que o meu, e optou por uma em que as crianças basicamente brincavam o período todo. “Uma escola diferente, com grandes espaços para correr e só brincar”, ela me disse na época. Eu achei estranhíssimo. Então, peço: façam melhor do que eu fiz.
Tá ótimo se você fica com um pouco de receio de propostas pedagógicas menos estruturadas, com muita atividade livre e alternativa para as crianças. Estamos juntos nisso. Entretanto, aprendi que brincar livre é essencial para o bom desenvolvimento as crianças. Especialmente até os 6 anos de idade.
Busque uma escola que tenha liberdade de brincar
Por isso, repito, se você entrou na pressão de fazer a matrícula em uma primeira escola; trocar de escola; renovar a matrícula na escola atual, considere fortemente as oportunidades e o tempo de brincar que a instituição oferece. Vai fazer toda a diferença, tanto no presente, quanto nos próximos anos da vida dos seus filhos.
Setembro é quando começam as rematrículas escolares e, para quem tem filhos pequenos, a busca pela primeira escola de educação infantil. Também é tempo de avaliar mudanças: será que aquela escola continua sendo a melhor opção?
No meio de tantas visitas, documentos e prazos, é comum que a gente se concentre em pontos como localização, preço, segurança, alimentação. Tudo isso é fundamental, claro. Mas existe um aspecto que, muitas vezes, passa batido: a escola valoriza o brincar?

E não falo só de brinquedos coloridos na sala ou de uma aula de recreação no cronograma. Estou falando de algo mais profundo: o brincar livre e desemparedado.
Brincar livre é aquele momento em que a criança pode escolher o que quer fazer, sem um adulto dizendo como, quando ou por quanto tempo. É quando ela inventa jogos, cria histórias, explora o espaço com autonomia. Já o brincar desemparedado é o brincar que acontece fora das paredes da sala — no pátio, no jardim, na praça, em contato com a natureza e com o mundo real.
Por que isso importa? Porque brincar é a linguagem da infância. É brincando que a criança aprende a se relacionar, a resolver conflitos, a testar hipóteses, a desenvolver criatividade, coordenação, atenção. E as pesquisas são claras: crianças que têm oportunidades frequentes de brincar livre — especialmente ao ar livre — desenvolvem mais autonomia, criatividade, pensamento crítico e habilidades socioemocionais.
Além disso, brincar livre traz algo que nenhuma ficha de matrícula mostra: crianças mais felizes.
Na prática, pergunte o mais simples: e a brincadeira?
Na prática, ao visitar uma escola, repare: existe tempo diário para brincar livre? As crianças têm acesso a áreas externas? Há espaços para explorar com segurança, mesmo que seja um quintal simples? Professores e gestores valorizam o brincar como parte do desenvolvimento — e não apenas como intervalo entre atividades “mais importantes”?
Escolher uma escola que respeita e incentiva o brincar livre e desemparedado é garantir que seu filho tenha não só conteúdo, mas também experiências que formam para a vida.








