O caso da bebê Ana Beatriz, uma recém-nascida de apenas 15 dias, repercutiu em todo o país, e não é para menos. A história, que começou com um suposto desaparecimento, terminou de forma trágica, pois o corpo foi encontrado no quintal da casa que ela residia e a confissão da própria mãe, Eduarda Silva de Oliveira, que cometeu o crime contra a criança. O caso ocorreu no interior do alagoas
O que aconteceu
A mãe da bebê, Eduarda Silva de Oliveira, de 22 anos, chegou a relatar à polícia que a filha havia sido sequestrada no dia por estranhos em um carro na BR-101, nas proximidades do Povoado de Euzébio. Segundo ela, quatro pessoas estariam no veículo, três homens e uma mulher e dois deles teriam forçado a retirada da criança dos seus braços. O carro, então, teria seguido em direção a Pernambuco.
No entanto, à medida que os dias passaram, as contradições nas falas da mãe começaram a chamar a atenção da polícia. Ao todo, foram cinco versões diferentes sobre o que teria acontecido com Ana Beatriz. Isso, somado a depoimentos de testemunhas e imagens de câmeras de segurança, fez os investigadores duvidarem da história contada.

O corpo foi achado em casa
Nesta terça-feira, 15 de abril, após insistência do advogado da família, a mãe revelou onde estava o corpo da filha. Ele foi encontrado enrolado em um saco plástico, dentro de um pote de sabão em pó, escondido em um armário no quintal da casa da família.
De início, disse que havia “dado” a bebê a outra pessoa. Depois, mudou a história, afirmando que a filha havia engasgado e morrido. Mas a verdade veio à tona durante a investigação: em depoimento à Polícia Civil, Eduarda confessou que asfixiou Ana Beatriz com um travesseiro.
De acordo com a polícia, os relatos da mãe foram confusos e cheios de contradições, o que logo levantou suspeitas. O corpo da bebê foi encontrado dentro da própria casa, em um local que já havia sido vistoriado por bombeiros com cães farejadores — o que levanta a hipótese de que alguém possa ter ajudado a esconder o corpo posteriormente.
O que a mãe contou à polícia
Em depoimento, Eduarda relatou que a filha chorava sem parar há quatro dias e não conseguia dormir, em parte por causa do barulho constante vindo de um bar ao lado da residência. Ela disse ter chegado ao limite emocional e, em um momento de desespero, cometeu o crime.
O delegado João Marcelo, responsável pelo caso, informou que o travesseiro utilizado foi recolhido para a perícia. A investigação agora busca entender se houve participação de outra pessoa, seja no momento da morte da criança ou na tentativa de ocultar o corpo.
Quando o puerpério se torna um risco
A polícia também chamou atenção para um ponto delicado, mas extremamente relevante: casos de infanticídio podem ocorrer no chamado estado puerperal, uma condição psicológica que pode afetar mulheres logo após o parto. Alterações hormonais, privação de sono, sobrecarga emocional e falta de apoio podem levar a quadros graves de instabilidade mental, como depressão pós-parto e psicose puerperal.
Investigações continuam e o pai será ouvido
Eduarda foi presa em flagrante e deve passar por audiência de custódia. O pai da bebê, que se mostrou visivelmente abalado, também será ouvido pela polícia. Segundo ele, não fazia ideia do que estava acontecendo e não tinha conhecimento das versões que Eduarda havia contado anteriormente. Ele trabalha como motorista e estava em São Paulo no dia do desaparecimento, mas voltou às pressas assim que soube. Ele, inclusive, não chegou a conhecer a filha.
A polícia segue investigando o caso, incluindo a possibilidade de um cúmplice, já que o local onde o corpo foi encontrado havia sido completamente vasculhado anteriormente — e, misteriosamente, nada foi detectado na ocasião.