Uma tragédia abalou a cidade de Nerópolis, na região metropolitana de Goiânia, quando um menino de 2 anos morreu após ser esquecido dentro de um carro pela dona de uma creche. O caso, que chocou a comunidade local, foi confirmado pela Polícia Civil e revelou falhas nos cuidados com a criança. O menino, identificado como Salomão Rodrigues Faustino, foi deixado preso na cadeirinha do carro com os vidros fechados, durante cerca de quatro horas sob intenso calor, o que levou ao seu falecimento.
Segundo o delegado responsável pela investigação, André Fernandes, a dona da creche, que também era responsável pelo transporte das crianças até o berçário, “esqueceu no interior do veículo a criança de 2 anos, que ficou trancada por 4 horas sob forte sol”.
O episódio ocorreu na quarta-feira, 18 de fevereiro. Flaviane Lima buscou Salomão em sua residência e o levou até a creche, onde ele deveria ser deixado para o atendimento diário. No entanto, ao chegar à instituição, a dona da creche entrou e, distraída com os preparativos para a chegada de outras crianças, esqueceu-se de retirar o menino do carro. De acordo com a investigação, a criança permaneceu trancada dentro do automóvel, na cadeirinha de segurança, com os vidros fechados e sob o calor intenso, por cerca de quatro horas.
Quando finalmente se deu conta do que havia acontecido, Flaviane acionou o Corpo de Bombeiros para tentar salvar a criança. Salomão foi socorrido e levado para o Hospital Sagrado Coração de Jesus, mas, infelizmente, não resistiu aos danos causados pelo calor extremo e pela falta de oxigenação durante esse período crítico.

O caso gerou grande comoção em Nerópolis e em todo o estado de Goiás. Após o ocorrido, a dona da creche foi localizada pela polícia em uma tentativa de fuga, sendo presa em Itaberaí, cidade a aproximadamente 80 km de Nerópolis. Flaviane Lima foi autuada por homicídio culposo, caracterizado pela ausência de intenção de matar, e foi encaminhada ao Complexo de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia.
Em entrevista ao g1, o delegado responsável pelo caso, André Fernandes, explicou que a investigação está sendo conduzida com cautela para entender as circunstâncias do incidente, destacando que, embora a suspeita tenha sido presa, o caso ainda requer apuração mais aprofundada.
Estudo explica casos de crianças esquecidas em carros
Segundo a Administração Nacional de Segurança no Trânsito, cerca de 40 crianças morrem anualmente por insolação em carros, seja por serem deixadas no interior do veículo ou por ficarem presas nele. A tragédia de crianças esquecidas dentro de carros, especialmente em dias quentes, é um problema grave e crescente que afeta famílias em todo o mundo.
A organização Kids and Car Safety conta que cerca de metade de todas as mortes relacionadas ao calor nos veículos geram acusações criminais, que variam desde colocar uma criança em risco até, em casos mais extremos, acusações de assassinato. Contudo, muitos pais e cuidadores acabam fazendo acordos legais para evitar processos judiciais, em grande parte porque não estão dispostos a enfrentar uma batalha judicial após a perda irreparável de um filho.
As causas psicológicas por trás desses acidentes fatais vêm sendo discutidas há anos, com destaque para um artigo publicado em 2009 pelo jornalista Gene Weingarten, do The Washington Post. O texto, que lhe rendeu o Prêmio Pulitzer, questiona se, de fato, é apropriado criminalizar pais que, acidentalmente, matam seus filhos ao esquecê-los em veículos. Desde então, especialistas têm buscado explicações sobre o que leva a essas fatalidades.