O que era pra ser um momento feliz e inocente acabou com tragédia e levantou um importante alerta para muitas famílias. O caso aconteceu em Imperatriz, no Maranhão, onde um ovo de Páscoa foi endereçado e entregue para uma família com uma mensagem de carinho, inclusive com o nome correto de quem residia no local. O presente, que parecia inofensivo, resultou na morte de duas crianças e na internação da mãe.
De acordo com as investigações, Jordélia Pereira Barbosa, uma esteticista do município de Santa Inês, traçou um plano assustador para se vingar da atual namorada do seu ex-marido. A escolhida como alvo foi Mirian Lira Rocha, operadora de caixa em um supermercado de Imperatriz, cidade distante quase 400 quilômetros.
A motivação? Ciúmes e mágoas antigas relacionadas ao relacionamento de Mirian com o ex-companheiro de Jordélia. Com essa ideia na cabeça, ela decidiu agir. No último domingo, 04 de maio, o fantástico realizou uma reportagem com Mirian, que explicou os passos da criminosa.
Disfarce, viagem e um hotel como base
Jordélia viajou até Imperatriz, cerca de 400km, hospedou-se em um hotel e passou a colocar o plano em prática. Usando uma peruca preta como disfarce, ela foi até o supermercado onde Mirian trabalhava e tentou convencer o gerente a permitir uma “degustação” de chocolates para os funcionários. A ideia era fazer com que Mirian consumisse o doce envenenado sem desconfiar de nada.
Mas o gerente não autorizou a ação dentro da loja. Sem sucesso na primeira tentativa, ela recuou — só por enquanto.
A entrega do ovo de páscoa
Determinação não faltava. Após a primeira falha, Jordélia foi até um shopping, comprou um ovo de Páscoa e voltou ao hotel. Lá, preparou o doce com uma substância tóxica, e segundo a polícia, o veneno foi disfarçado com chocolate granulado para esconder o gosto.
Ela contratou um mototaxista para fazer a entrega diretamente na casa de Mirian, dando todas as informações com precisão: endereço, nome, ponto de referência… tudo. Para dar um ar de normalidade, ainda ligou para a vítima e confirmou o recebimento, sem dizer quem havia enviado o presente.
Infelizmente, Mirian, sua filha Evely, de 13 anos, e o pequeno Luís Fernando, de apenas 7, consumiram o chocolate. As duas crianças não resistiram e morreram. Mirian, apesar de também ter ingerido o doce, sobreviveu.
As investigações e a prisão
Depois da tragédia, o mototaxista reconheceu o caso e, preocupado, procurou a polícia para contar o que sabia. Com as informações em mãos, os investigadores foram até o hotel, mas Jordélia já havia deixado o local. A polícia rastreou os ônibus que saíam da cidade e conseguiu localizá-la a caminho de Santa Inês. Ela foi presa no dia 17 de abril.
Durante a prisão, foram encontrados com ela perucas e materiais usados para preparar o ovo envenenado. Segundo os investigadores, o plano era claro e premeditado, com dolo direto — ou seja, ela queria atingir uma pessoa específica, mas acabou vitimando inocentes.
O que diz a Justiça e a defesa
Jordélia foi indiciada por duplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio. O Ministério Público considera o crime como motivado por vingança, o que configura motivo torpe. Caso seja condenada, ela poderá cumprir até 30 anos de prisão por cada crime.
A defesa da acusada afirma que ela nega os fatos e que tudo será devidamente esclarecido durante o processo judicial.