Um encontro para celebrar um novo emprego terminou em dor e comoção em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Isabelli Helena de Lima Costa e Isabela Priel Regis, ambas de 18 anos, foram atropeladas na noite de quarta-feira, 9 de abril, quando atravessavam uma avenida movimentada da cidade. A fatalidade chocou os moradores da região e mobilizou familiares, amigos e autoridades.
A história, foi contada com muita emoção por Claudilene Helena de Lima, mãe de Isabelli para a TV Globo. A jovem era filha única e estava prestes a começar seu primeiro emprego como jovem aprendiz em um supermercado na capital. A vaga era motivo de orgulho e celebração, e ela havia decidido sair com Isabela, sua melhor amiga, para comemorar o novo ciclo.
Segundo a mãe da jovem, as duas mantinham uma amizade sólida desde o ensino médio. “Estudaram juntas e eram muito próximas. Isabelli ia começar segunda-feira e não deu tempo. Saíram para comemorar e não voltaram. Estavam voltando pra casa”, relatou Claudilene, entre lágrimas em entrevista para a TV Globo.
No último momento em que estiveram juntas, Isabelli se preparava para sair e usou um perfume especial, guardado há tempos. “Ela colocou o perfume que ela gostava e falou: ‘Olha, mãe, agora posso usar o perfume. Porque eu estava guardando pra não acabar. Mas agora vou trabalhar e consigo comprar, né?’”, contou a mãe, visivelmente emocionada. A jovem se arrumou, maquiou-se e deixou a casa feliz.
O que aconteceu?
O atropelamento aconteceu na Avenida Goiás, no bairro Santo Antônio, logo após as duas saírem de uma adega. Imagens de câmeras de segurança mostram que elas atravessavam na faixa de pedestres. O sinal ainda estava vermelho para os pedestres, mas um carro em alta velocidade cruzou a via e atingiu as jovens em cheio. Elas foram arremessadas a mais de 50 metros do ponto de impacto.
Apesar da boa iluminação da avenida, o motorista não reduziu a velocidade, o que gerou revolta e questionamentos. Marcos Antonio dos Santos Régis, pai de Isabela, disse que o local tem visibilidade e não entende como o condutor não conseguiu evitar a tragédia.

Quem é o motorista envolvido?
Brendo dos Santos Sampaio, de 26 anos, estudante de Direito, é o motorista do veículo que causou o acidente. De acordo com seu advogado, Francisco Ferreira, ele voltava da faculdade e trafegava entre 60 km/h e 70 km/h no momento da colisão, embora a velocidade exata não tenha sido confirmada. Segundo a defesa, o sinal estaria verde para os carros, e Brendo não teria percebido que as jovens atravessavam naquele instante.
O teste do bafômetro apontou que o motorista não havia ingerido bebida alcoólica. Mesmo assim, ele foi conduzido à delegacia e prestou depoimento. Uma contraprova foi realizada no Instituto Médico Legal (IML), mas o laudo ainda não foi divulgado.
O caso foi registrado como homicídio com dolo eventual, uma vez que, segundo o boletim de ocorrência, Brendo assumiu o risco ao dirigir em alta velocidade em via pública. A denúncia ainda destaca que a conduta do motorista se assemelha a um “racha”, dado o comportamento perigoso no trânsito.
Justiça e comoção
Brendo foi detido e deve passar por audiência de custódia nesta quinta-feira, 10 de abril. A decisão da Justiça sobre sua prisão preventiva deve ser tomada nas próximas horas.
Em meio ao luto, Claudilene compartilhou que a família do motorista procurou os pais das vítimas para prestar solidariedade. “Conversaram e disseram que vão dar todo o apoio que a gente precisa. A mãe do rapaz quer conversar com a gente, que a família quer prestar todo o apoio. Que o moço é estudante, que não é nada que desabone e estava voltando da faculdade”, relatou ao portal.
Desde que se mudou para São Caetano do Sul, em 2012, a jovem Isabelli estava habituada a caminhar pelas ruas da cidade. A mãe destacou o quanto a filha era cuidadosa e sonhava em conquistar independência por meio do trabalho. A perda da filha única devastou a família, que agora busca forças para lidar com o vazio deixado por sua partida precoce.
Nas redes sociais, amigos e conhecidos lamentaram a morte das jovens, exaltando a alegria e a conexão entre elas. A frase dita por Claudilene — “Eram inseparáveis e morreram juntas” — ressoou com força entre os que conheciam a dupla. O sentimento de revolta e impotência domina os comentários, com pedidos por justiça e maior segurança no trânsito.