Pela primeira vez desde o trágico acidente com balão em Santa Catarina, o piloto Elves de Bem Crescêncio compartilhou sua versão dos fatos. A entrevista foi ao ar no programa “Fantástico” e traz informações impactantes sobre o que aconteceu minutos antes da queda que vitimou oito pessoas e deixou outras 13 feridas.
Um voo que começou normalmente
Segundo Elves, tudo parecia correr como de costume na manhã do acidente. Ele, que tem mais de três anos de experiência e acumula cerca de 700 horas de voo, explicou que o balonismo é uma prática comum em Praia Grande, cidade onde o grupo se reuniu. “A gente sempre voa aqui. O clima é bom, tranquilo”, relatou.
No momento da decolagem, 21 pessoas ocupavam o balão, que tem capacidade de levantar quase duas toneladas. Cerca de 40 a 45 balões estavam no céu naquela manhã. A decolagem, segundo ele, ocorreu sem intercorrências.
Os primeiros sinais de emergência
A calmaria durou pouco. Após cerca de dois a três minutos no ar, Elves começou a sentir cheiro de queimado. Ao olhar para o fundo do cesto, percebeu que havia uma pequena chama próxima à capa do tanque de gás.
“Era uma chama média, visível, mas ainda dava tempo de agir”, contou. O piloto tentou conter o fogo com o pé, sem sucesso. Em seguida, utilizou o extintor do balão, mas o equipamento falhou. “Apertei e nada saiu”, lamentou.
Tentativas desesperadas e caos a bordo
Diante da falha do extintor, Elves fez o possível para controlar a situação. “Tentei puxar o cilindro em chamas para jogar fora, mas estava muito quente”, disse. Ele também sofreu queimaduras nas mãos durante essa tentativa.
Quando percebeu que a situação estava fora de controle, decidiu fazer um pouso de emergência. “Gritei pra todo mundo pular. Eu também pulei”, lembrou, com emoção na voz. Algumas pessoas conseguiram saltar a tempo. Outras, infelizmente, permaneceram no cesto quando o balão subiu novamente por conta da redução de peso, antes de despencar em chamas.
Após a queda: socorro e tristeza
O próprio piloto acionou os serviços de emergência. “Liguei pro 190, pedi ajuda da polícia, ambulância, IML. Já tinha visto uma mulher sem vida no local”, relatou. Ele permaneceu ali por cerca de duas horas, em estado de choque, enquanto as equipes de resgate atuavam.
Segundo informações da Polícia Civil, quatro vítimas fatais faleceram ao tentar se salvar saltando do balão e outras quatro foram carbonizadas. Outros cinco feridos já receberam alta hospitalar. No dia seguinte ao acidente, sete corpos foram sepultados.
Ação das autoridades e resposta da empresa
Mais de 130 profissionais de resgate de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul participaram das buscas. Em nota oficial, a empresa Sobrevoar, responsável pelo balão, informou que segue as diretrizes da ANAC e está prestando assistência às famílias das vítimas. A Agência Nacional de Aviação Civil confirmou que a licença do piloto está válida até julho de 2026.
As investigações continuam, com foco em descobrir as causas do incêndio. Paralelamente, órgãos estaduais discutem a implementação de protocolos específicos para aumentar a segurança na prática do balonismo no estado.