
Precisamos falar sobre a moda mini me. Quais os riscos de uma família ficar ridícula vestida igual? Por que ela é tão tentadora? Pijama vale? Pais podem falar sobre o estilo dos filhos que ainda não desenvolveram a fala? Quem está lucrando com esta indústria? Romero Britto tem um dedo ali? Nesta coluna vamos descobrir estes e outros mistérios dessa estranha mania.
Que coisa mais bonitinha é olhar para o nosso filho e perceber que é parecido com a gente. Essa sensação narcisística e hedonista parece ter sido o catalisador de uma tendência que invadiu as lojas e as timelines; o mini me.
O termo surgiu no final dos anos 90, em filmes da série de comédia Austin Powers. Nela o personagem principal ganhava um mini clone, interpretado pelo ator Verne Tryer, e lhe dava este carinhoso apelido. Em bom português, “pequeno eu”.
Minha primeira andança nessas paragens foi quando minha filha mais velha estava com um ano e ganhou um macacão jeans. Eu sempre amei macacões. Isso faz muito tempo. Ela já está com 12 anos agora. Muitas vezes saímos iguais, de jeans e camiseta branca. O sapato não combinava, tá? Acho que as pessoas nem percebiam.
Depois vieram os blusões de lã. Minha mãe faz tricô. É só desenhar ou mostrar no Pinterest que ela faz, igualzinho. E também não se importa de tricotar miniaturas. Assim, em algumas situações saímos – sim- vestidos como nossas filhas. Tendo a pensar que nunca foi muito explícito nem exagerado.
Há dois anos fui sócia de uma camisaria e implementei a produção infantil. Era tão bonitinha. Nunca consegui vestir a mesma estampa que as meninas porque bastava elas usarem uma camisa, eu vendia todas semelhantes e nunca sobrava pra mim.
Quem tem filhos sabe que eles gostam de escolher a roupa e inventar suas próprias modas. Calça com saia, gorro no verão, sandália com meia. Vestir os filhos com um look idêntico é engessar essa capacidade criativa surpreendente das crianças. E se, ao invés de emularmos nossas miniaturas a gente se inspirasse na forma que eles se vestem? Ah, vai ser bem mais divertido.
Dicas de estilo com Bruna Holderbraun e Milena Faé do Closet Detox:
-Nada mais incrível e fascinante quanto a criatividade infantil. Para eles tudo é permitido. Todas as estampas se conectam, não existe “isso pode, isso não pode”, “isso tá na moda, isso é cafona”. Aliás, “cor de menino” e cor de “menina” é coisa que os adultos que inventaram, ok? Aprender a se permitir mais e ousar nas combinações com coisas que parecem fazer sentido apenas na sua cabeça é um ótimo exercício para desenvolver o seu estilo pessoal, sem o medo do julgamento alheio. Isso podemos aprender muito com eles.
-Permita que seu filho brinque com todo o universo da sua imaginação e dê mais espaço para ele fazer as suas próprias escolhas e desenvolver o seu gosto, rompendo quaisquer preocupações com regras. As escolhas das roupas fazem parte dos primeiros passos de independência e são fundamentais para o desenvolvimento da auto-confiança e do estilo pessoal.
-É muito mais legal se inspirar do que replicar. E criança tem que se vestir como criança, tá?
Leia também:
Seu filho senta assim? Veja por que ele precisa parar de fazer isso agora