Você já ouviu falar em APLV? A sigla significa alergia à proteína do leite de vaca, uma das alergias alimentares mais comuns na infância. Apesar de afetar até 5,4% das crianças nos primeiros anos de vida, a condição ainda é pouco conhecida por grande parte da população e pode ser bem difícil de identificar. Isso porque os sintomas variam bastante e acabam confundindo tanto as famílias quanto os profissionais de saúde.
Uma pesquisa nacional realizada em 2020 pela Editora Abril em parceria com a Danone Nutricia trouxe dados preocupantes sobre o cenário no Brasil. Segundo o levantamento, feito com 617 responsáveis por crianças diagnosticadas com APLV, 85% deles não faziam ideia do que era essa alergia antes do diagnóstico. E tem mais: metade dessas famílias precisou passar por três ou mais médicos até finalmente receber a resposta certa.
O que causa a alergia à proteína do leite de vaca?
A alergia acontece quando o sistema imunológico da criança reconhece as proteínas do leite de vaca como inimigas. A partir daí, surgem reações que podem afetar várias partes do corpo. Os sintomas mais relatados pelas famílias incluem dermatite (70%), cólicas (61%), problemas intestinais (60%), refluxo (56%), diarreia (56%), problemas respiratórios (59%) e até sangue nas fezes (45%).
E nem sempre essas reações aparecem logo após o contato com o leite. “A diversidade de sintomas confunde os pais e até mesmo os profissionais de saúde. Vale destacar que os sintomas podem aparecer em minutos ou até dias após consumir leite ou derivados. Por isso, é importante que os pais estejam atentos e procurem o pediatra ou o especialista, alergologista ou gastroenterologista, da criança se perceberem reações”, orienta a pediatra Dra. Ana Grubba, diretora médica da Danone.

Como é feito o diagnóstico da APLV?
Por mais que o diagnóstico pareça complicado, ele deve ser sempre conduzido por um profissional de saúde. Normalmente, quando há suspeita de APLV, o primeiro passo é excluir o leite e os derivados da alimentação da criança (ou da mãe, caso o bebê ainda esteja em fase de amamentação). Depois de algumas semanas, o alimento é reintroduzido e, se os sintomas reaparecerem, a alergia é confirmada.
Mas APLV não é só uma questão de restrição alimentar: essa condição pode impactar o desenvolvimento físico e emocional das crianças. Quando não é diagnosticada e tratada corretamente, pode atrapalhar o crescimento, comprometer a nutrição e até mexer com a rotina da família inteira. Em casos mais graves, o contato com a proteína do leite pode levar a reações severas, como a anafilaxia, uma resposta alérgica intensa e perigosa.
O lado bom dessa história é que, com o diagnóstico feito no tempo certo e o acompanhamento correto, tudo tende a caminhar bem. “Quanto mais cedo a APLV for identificada, melhor o prognóstico. Hoje temos recursos nutricionais e acompanhamento adequados para garantir que a criança se desenvolva normalmente, desde que o diagnóstico seja feito e o tratamento seguido com atenção”, explica Dra. Ana.
Informação é a chave para acolher e orientar famílias
A mensagem principal desse estudo é clara: precisamos falar mais sobre APLV. Informar, acolher e orientar são ações essenciais para que famílias que convivem com a alergia não se sintam sozinhas e desamparadas. Informação salva vidas, melhora diagnósticos e, principalmente, garante mais qualidade de vida para quem lida com essa condição todos os dias.