Março é o mês de conscientização sobre a endometriose, uma doença que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva e pode ser um dos principais desafios para quem deseja engravidar. O problema é que, por apresentar sintomas semelhantes aos das cólicas menstruais, muitas vezes a endometriose passa despercebida, retardando o diagnóstico e agravando o quadro.
O que é a endometriose e como ela afeta o organismo?
A endometriose acontece quando células do endométrio, que deveriam estar dentro do útero, se espalham por outras partes do corpo, como intestino e bexiga. Essa migração pode causar dor intensa, inflamação e dificuldade para engravidar. “A endometriose impacta diretamente a qualidade de vida da mulher, causando dor, ansiedade e até mesmo depressão”, explica o ginecologista e obstetra Dr. Nélio Veiga Junior.
A doença é uma das principais causas de infertilidade feminina, pois essas células fora do útero dificultam desde a fertilização do óvulo até a implantação do embrião. “Muitas mulheres só descobrem que têm endometriose quando enfrentam dificuldades para engravidar”, destaca o Dr. Fernando Prado, especialista em reprodução humana.
Diagnóstico tardio: um desafio para a saúde feminina
Um dos grandes desafios no combate à endometriose é o diagnóstico tardio. Como os sintomas costumam ser confundidos com cólicas menstruais comuns, muitas mulheres passam anos sem buscar ajuda médica. “O uso da pílula anticoncepcional pode mascarar os sintomas, dificultando ainda mais o diagnóstico”, alerta o Dr. Rodrigo Rosa, colunista da Pais&Filhos, pai de Giovanna e Rafael, e especialista em reprodução humana.
O ideal é que qualquer mulher com dores menstruais intensas procure um ginecologista regularmente. Exames como ultrassom e ressonância magnética podem ajudar na identificação da doença, permitindo um tratamento precoce.

Tratamentos e opções para quem deseja engravidar
Ainda não se sabe exatamente o que causa a endometriose, mas fatores genéticos e imunológicos parecem estar envolvidos. Embora não haja prevenção, existem diversas opções de tratamento, que variam de acordo com a gravidade do caso.
Para quadros mais leves, é possível controlar os sintomas com mudanças no estilo de vida, fisioterapia do assoalho pélvico e uso de medicamentos, como analgésicos e anti-inflamatórios. Em casos mais graves, pode ser necessária uma cirurgia chamada laparoscopia, que remove os focos da endometriose.
Quando a mulher deseja engravidar, pode ser recomendado o acompanhamento com um especialista em reprodução humana. “O diagnóstico tardio da endometriose pode reduzir as chances de sucesso em tratamentos como a fertilização in vitro”, explica o Dr. Fernando Prado.
Cirurgia e preservação da fertilidade
Em alguns casos, a cirurgia pode ser indicada não apenas para alívio dos sintomas, mas também para aumentar as chances de gravidez. No entanto, é preciso cautela, já que a remoção de cistos pode afetar a reserva ovariana. “A retirada de endometriomas pode reduzir a reserva ovariana em até 70%”, alerta o Dr. Rodrigo Rosa.
Para mulheres que passarão por cirurgia e desejam engravidar no futuro, a recomendação é considerar o congelamento de óvulos. “A criopreservação permite que os óvulos sejam armazenados a -196°C, mantendo sua viabilidade para uma futura fertilização”, detalha o especialista.
A importância do acompanhamento ginecológico
O acompanhamento médico regular é essencial para detectar a endometriose precocemente e evitar complicações. Quem usa métodos contraceptivos hormonais deve ter atenção redobrada, já que esses métodos podem mascarar os sintomas.
“Cada caso deve ser avaliado individualmente. Em algumas situações, a cirurgia pode ser indicada, enquanto em outras, o tratamento medicamentoso é suficiente”, conclui o Dr. Rodrigo Rosa.
Se você sente dores menstruais intensas ou tem dificuldades para engravidar, procure um ginecologista para investigação. A endometriose pode ser silenciosa, mas com acompanhamento adequado, é possível controlar a doença e preservar a qualidade de vida e a fertilidade.