Os microplásticos estão no ar, na água, nos alimentos… e agora, também nos ovários? Um estudo recente descobriu partículas minúsculas de plástico no fluido folicular de mulheres que estavam passando por tratamentos de fertilidade, acendendo um alerta para quem está tentando engravidar. Mas calma, não é motivo para desespero — pelo menos, não ainda.
O que são microplásticos, afinal?
Antes de tudo, vale lembrar o que são esses tais microplásticos. São pedaços bem pequenos de plástico, com menos de 5 milímetros, que vêm da degradação de objetos maiores — como sacolas, embalagens e utensílios — ou já são produzidos assim, como em cosméticos esfoliantes. Eles estão por toda parte: no solo, na água, nos alimentos e até no ar que respiramos.
O plástico demora séculos para se decompor, e enquanto isso, vai se desmanchando em micropartículas que contaminam o ambiente. E como usamos plástico em praticamente tudo, do pote do shampoo até o garfo de cozinha, fica fácil entender como ele vai parar dentro do nosso corpo.
O que o estudo descobriu?
Pesquisadores analisaram o fluido folicular (aquele que envolve os óvulos e ajuda no seu desenvolvimento) de 18 mulheres que estavam fazendo tratamento para engravidar, e encontraram microplásticos em 14 dessas amostras. É a primeira vez que se detecta esse tipo de partícula em uma área tão importante do sistema reprodutivo feminino.
Apesar do número pequeno de participantes, o achado é considerado relevante. Ele não prova, necessariamente, que os microplásticos prejudicam a fertilidade, mas levanta uma preocupação legítima: será que essas substâncias estão interferindo na qualidade dos óvulos ou no processo reprodutivo como um todo?

Já é hora de se preocupar?
Ainda é cedo para tirar conclusões definitivas. O estudo é preliminar e precisa ser replicado em uma escala maior. Mas isso não quer dizer que devemos ignorar o alerta. Pesquisas anteriores feitas com animais já mostraram que os microplásticos podem atrapalhar a produção hormonal e afetar a saúde reprodutiva.
No caso dos seres humanos, ainda não sabemos exatamente como o corpo reage a esses invasores microscópicos no contexto da fertilidade. Por isso, os cientistas pedem mais estudos para investigar essa possível relação com mais profundidade.
Dá para fazer alguma coisa para se proteger?
Mesmo que ainda não haja provas concretas de que microplásticos prejudicam a fertilidade, sabemos que eles não fazem bem à saúde em geral. E como não dá para viver dentro de uma bolha de vidro (infelizmente), o caminho é tentar reduzir a exposição no dia a dia.
Veja algumas dicas simples que podem ajudar:
- Prefira utensílios de vidro ou inox no lugar dos plásticos, especialmente ao esquentar alimentos.
- Evite embalagens plásticas sempre que possível, inclusive nas compras do mercado.
- Escolha produtos de higiene e limpeza com embalagens sustentáveis ou refis.
- Troque roupas e roupas de cama feitas de tecidos sintéticos por opções naturais como linho, bambu ou algodão.
- Dê preferência a alimentos frescos e minimamente processados, que não venham em embalagens plásticas.
Essas pequenas atitudes não vão eliminar completamente a exposição, mas ajudam a diminuir o acúmulo de substâncias nocivas no corpo, e isso já é um bom começo para quem está pensando no futuro da saúde reprodutiva.
Ficar atenta é importante, mas sem pânico
A presença de microplásticos nos ovários é, sim, um alerta. Mas por enquanto, não é motivo para mudanças drásticas nem desespero. O estudo aponta um possível problema, mas ainda não comprova efeitos diretos na fertilidade.
O melhor a fazer, por enquanto, é adotar hábitos mais conscientes, tanto por você quanto pelas próximas gerações. Afinal, cuidar do meio ambiente também é uma forma de cuidar da saúde da família inteira.