A retomada da vida sexual após o parto pode ser um grande desafio. O cansaço, as mudanças no corpo e a diminuição da libido já são fatores que influenciam esse momento, mas muitas mulheres também relatam dores durante a relação. Esse desconforto tem nome: dispareunia pós-parto, um sintoma que afeta cerca de 85% das mulheres no puerpério, segundo um estudo da Revista Brasileira de Sexualidade Humana.
Por que a dor sexual acontece após o parto?
As mudanças hormonais da gravidez e do pós-parto desempenham um papel importante na lubrificação e na elasticidade da região íntima. Durante esse período, os níveis de prolactina aumentam para estimular a produção de leite materno, mas também podem causar ressecamento vaginal. Além disso, a progesterona, hormônio essencial para a gestação, também sofre alterações que impactam a resposta sexual.
Outro fator que pode influenciar é a presença de lacerações perineais, episotomia (corte feito para facilitar o parto) e cicatrização da região, tornando a penetração dolorosa.
Depoimentos sobre a dor na relação sexual pós-parto
A influenciadora Viih Tube compartilhou sua experiência com seus seguidores após o nascimento de sua filha e descreveu a primeira relação após o parto como semelhante à perda da virgindade. “A diferença é que não sangrou. Mas é a sensação de estar abrindo um espaço, é como se estivesse alargando um osso. Eu senti isso. Doeu um pouco sim”, relatou.
Segundo Cinthia Simão, fisioterapeuta pélvica e obstétrica, o impacto desse desconforto vai além da parte física, afetando também o bem-estar emocional. “O sentimento de culpa costuma surgir pelas demandas já existentes do puerpério, e também pela pressão social para que as mulheres reafirmem seu papel como esposas, e não apenas como mães”, explica a especialista.

Como aliviar a dor e tornar esse momento mais confortável
A prevenção da dor sexual pós-parto começa ainda na gestação, com práticas como:
- Massagem perineal: ajuda a melhorar a flexibilidade da musculatura da região íntima.
- Exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico: essenciais para evitar complicações no pós-parto.
Quando a dor já está presente, algumas abordagens terapêuticas podem trazer alívio, como massagens terapêuticas, técnicas de liberação miofascial, alongamento e relaxamento da musculatura. Em alguns casos, o uso de laser e vibração terapêutica também pode ser recomendado.
A fisioterapeuta também destaca algumas medidas simples que ajudam a reduzir o desconforto:
- Compressas geladas: aliviam a dor e reduzem o inchaço na região afetada.
- Hidratação e alimentação equilibrada: uma dieta rica em fibras evita a prisão de ventre, que pode agravar a sensação de dor na região pélvica.
- Uso de lubrificantes à base de água: uma opção que pode facilitar o conforto durante a relação.
O tempo de cada mulher deve ser respeitado
No caso de Viih Tube, o desejo sexual voltou cerca de 60 dias após o nascimento de sua filha, e o apoio do parceiro foi essencial para que ela pudesse respeitar seu tempo e se sentir segura.
Cada mulher tem um ritmo diferente para retomar sua vida sexual após o parto. Buscar orientação profissional e contar com um parceiro compreensivo faz toda a diferença nesse processo. O mais importante é priorizar o bem-estar físico e emocional, garantindo uma experiência mais positiva e prazerosa.