A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) está com uma consulta pública aberta que pode mudar a vida de muitos bebês nascidos antes do tempo. O tema em análise é a possível inclusão da vacina hexavalente acelular no calendário vacinal do SUS, especialmente voltada para crianças atendidas pelos CRIEs (Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais).
O objetivo inicial é proteger bebês nascidos com menos de 33 semanas de gestação ou com peso inferior a 1,5 kg, além de crianças com outras condições clínicas especiais. A proposta está disponível para contribuições da população até o dia 30 de junho no site oficial da Conitec.
Embora os bebês prematuros devam ser vacinados com base em sua idade cronológica, muitos profissionais da saúde acabam adiando a aplicação das vacinas por medo de possíveis reações. Esse atraso na vacinação pode variar de 30% a 70%, o que é preocupante, considerando que esses bebês têm o dobro de risco de desenvolver complicações por doenças como a coqueluche.
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Segundo estudos, definir critérios claros e baseados em evidências pode ajudar a reduzir essa hesitação e garantir mais segurança para os pequenos. A vacina hexavalente acelular se mostra uma aliada fundamental nesse processo.
Especialista defende a vacina e participação social
A ativista Denise Suguitani, diretora da ONG Prematuridade.com, reforça o valor dessa etapa de escuta pública para promover avanços reais na saúde infantil: “O cenário que temos hoje é desafiador. A consulta pública é um passo importante para o direito dos prematuros, pois legitima a participação social em uma decisão que tem potencial de impactar nas taxas de cobertura vacinal infantil do país.”
Ela ainda destaca os benefícios da vacina: “A vacina hexavalente é segura, eficaz, de tecnologia brasileira e diminui o número de picadas e de reações adversas nos bebês, contribuindo para maior adesão das famílias ao esquema vacinal do prematuro.”
(Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil) A vacina é uma das ferramentas mais seguras e eficientes da saúde pública.
Um único reforço, várias proteções
A vacina hexavalente acelular protege contra seis doenças com apenas uma dose: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, poliomielite e Haemophilus influenzae tipo b. A combinação em uma única aplicação ajuda a simplificar o calendário de vacinação, o que facilita o acompanhamento por parte das famílias e dos serviços de saúde.
Além disso, esse tipo de vacina oferece menos riscos de reações adversas, o que é especialmente positivo para bebês prematuros que demandam mais cuidado e acompanhamento constante.
Por mais equidade na imunização dos prematuros
Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem vencidos. Denise reforça que nem todos os prematuros são contemplados atualmente: “Infelizmente, bebês muito vulneráveis, como os prematuros que nascem com mais de 33 semanas, hoje não têm direito à vacina hexavalente pelo SUS. Queremos garantir que todos os prematuros, independentemente da idade gestacional ou do peso ao nascer, tenham acesso a essa tecnologia. Esse é o caminho para avançarmos em direção à equidade na imunização dos bebês prematuros.”
Como participar da consulta pública
A consulta pública é uma ferramenta de participação democrática dentro do SUS. Ela permite que qualquer cidadão, profissional da saúde, familiar ou paciente compartilhe experiências, dados ou opiniões sobre a tecnologia em análise.
Após o encerramento da consulta, a Conitec analisa as contribuições recebidas e emite uma recomendação técnica que servirá de base para a decisão final do Ministério da Saúde.
Fundada em 2014, a ONG Prematuridade.com é a única organização sem fins lucrativos no Brasil dedicada exclusivamente à causa da prematuridade. Com atuação nacional e internacional, a entidade trabalha para garantir os direitos dos bebês prematuros e suas famílias, promovendo prevenção, equidade em saúde e justiça social.