Outro dia recebi em nossa casa amigos que são parte da família. Não são amigos comuns. São daquele tipo de gente que te formou no seu percurso de personalidade. Eram: um pai, uma mãe, uma menina e um menino.
A Clara é mais profunda do que sereia misteriosa. Ela é capaz de ir fundo num sentimento, mas volta à superfície com todo humor e sarcasmo possíveis. E é lindo. Demais.
Depois tem o João que ainda estou a conhecer. É menino forte com voz aveludada que você derrete de ouvir. Um charme. Paixão. Mas a Clara, já a conheço de longa data, data que nosso calendário não anota.
Hoje, só queria contar da emoção que vivi. E que a sinto enquanto escrevo. Clara me deu palavras, dei-lhe de volta. Clara me deu imagens, dei-lhe de volta. Clara me deu sonhos, dei-lhe de volta. Ela escreveu um pequeno livro e me deu de presente: Poesias fantásticas e historinhas. Uma das histórias é assim:
Dois castelos:
Dois castelos se encontraram. Então se abraçaram. Mas como dois castelos se abraçam? É só dar um passo!
Nós duas: Clara e eu, em passos de aproximação, estamos em exercício da escrita. É um mistério esse lugar da possibilidade de inventar histórias e elas existirem tão de verdade para um ser criança. E ela não larga as suas invenções, as carrega e as coloca debaixo do travesseiro para continuar com elas, de noite, em sonho. E quando acorda, me conta como a história continuou durante a noite. E como nós escrevemos nossa história é de uma qualidade de presença, que dá vontade de chorar de entusiasmo. Daí Clara inventou um toque de mãos. O toque das escritoras. Toca aqui!