Em tempos de Pandemia vimos um grande aumento de adoções de animais de estimação, uma pesquisa realizada em junho deste ano pelas empresas DogHero (plataforma online que conecta quem tem pet a uma comunidade de anfitriões) e Petlove (site de produtos e serviços para pets), revelou que 54% dos entrevistados adotaram um pet durante o período pandêmico.

O levantamento tem abrangência nacional e foi feito com 2.665 indivíduos. Eu e minha família faremos parte dessa estatística porque mês passado adotamos uma cadelinha sem raça definida para alegrar nosso lar!
Sempre cresci com cachorros ao meu redor, aprendi a respeitá-los e a cuidar deles com muito amor e carinho, e sempre que um partia era uma perda inconsolável… Um animal dentro de casa faz um bem enorme para quem convive com ele, gato, cachorro, tartaruga, hamster, piriquito e assim por diante, o vínculo que vemos nascer se transforma numa bela amizade.
A relação estabelecida entre humanos e outras espécies foi chamada de “comunidades híbridas”, pelo filósofo e etólogo Dominique Lestel (2004). Em seu estudo foram abordados temas da filosofia relacionados com a amizade dos animais e humanos, por exemplo, associações em que se partilham não somente emoções e vínculos, lá ele desenvolve concepções como “indivíduos animais” e “pessoas animais”.
Existem estudos que mostram que a presença de um amigo de quatro patas dentro de casa funciona como um regulador emocional, sendo os pets mais seguros e que emanam mais felicidade para as crianças. Especialistas afirmam que, as razões que levam as pessoas a serem beneficiadas, no contato desses amigos bichos podem ser explicadas em função da presença da afetividade, onde o cão passa a ser internalizado como objeto bom. Esse apoio incondicional é percebido pelo seu dono ou paciente, visto que, o animal não analisa e não emite julgamentos. Mas, comumente é indicada especialmente para crianças, pela facilidade da interação, relação vincular e da comunicação entre ambos, o que estimula o desenvolvimento da autoestima.
Se o animal receber treinamento adequado pode se transformar num cão terapeuta, nesse processo de socialização, onde os animais se fazem presentes com a afetividade podem ajudar os pacientes, pois os benefícios trazidos por estes auxiliares fazem com que, haja alegria, esperança, troca de afeto e ainda eles possuam a capacidade de sinalizar possíveis perigos no ambiente e as crises iminentes do seu dono (em caso de epilepsia por exemplo). Eles são extremamente sensíveis, podem ser um companheiro para pessoas com dificuldades motoras, visuais e auditivas. Também para aqueles que são assolados por crises convulsivas; os que possuem espectro autista e outros.
A Terapia Assistida por Cães é muito utilizada e já foi motivo de estudos, trouxe aqui uma revisão que conta que essa terapia em crianças, adolescentes e adultos com Deficiência Intelectual verificaram que houve melhora na expressão verbal e não verbal dessa população, melhora nos contatos/relacionamentos sociais bem como no autoconhecimento, maior expressão de conteúdos internos e maior controle de ansiedade, agressividade e impulsividade (Vivaldini & Oliveira, 2011; Uliana, 2018).
Em um dos artigos (Castro, 2011), a autora relacionou Terapia Assistida por Animais (TAA) e criança enlutada, segundo ela o cachorro facilitou o vínculo e ajudou o paciente na elaboração do luto. Franco e Mazorra (2007) observaram que neste momento de perda a criança necessita de um ambiente onde possa lidar com os sentimentos de ambivalência e culpa que a cerca e muitas vezes este não lhe é oferecido, é neste momento que a terapia é importante. A TAA no ambiente terapêutico se mostra benéfica, porque esta terá início, meio e fim, o que será bem explicado para a criança e a levará a um processo para lidar com a perda, será elaborado desde o inicio da terapia a ideia de finitude. (Gonçalves & Gomes, 2017).
Todos têm a ganhar numa troca rica em carinho e companheirismo com esses peludos fofíssimos e inteligentes, ainda mais se for necessário ficarmos em casa como no caso da Pandemia. Minha cadelinha chamada Luna já cresceu bastante desde que chegou, a família está adorando sua companhia!!!
Referências:
- CINOTERAPIA: A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO ENTRE CÃES E HUMANOS, UMA REVISÃO SISTEMÁTICA. Janaina Rodrigues Almeida, 2020
- BÁRBARA CORREA* – O ESTADO DE S.PAULO. 24/08/2021, 09:00 54% dos brasileiros adotaram animais de estimação na pandemia
- COMUNICAÇÃO EMOCIONAL ENTRE O HOMEM E O ANIMAL NÃO – HUMANO. Jéssica Ataide Batista Nigro; ²Ana Cláudia Balda; ³Charlotte Cesty Borda Saenz. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer – Jandaia-GO, v.17 n.34; p. 574 2020
- TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS E PSICOLOGIA: UM ESTUDO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Gabriela Aparecida Rui1 Jaqueline Tomaz de Oliveira2 Rafaela Guilherme Monte Cassiano