Por Ana Luisa Meirelles e Dr. Wimer Bottura Júnior
Imagine: nos primeiros seis anos de vida, o cérebro forma conexões a 1 milhão por segundo e 90% de sua estrutura se desenvolve nesse período. Agora imagine que apenas 2% da população brasileira sabe que a primeira infância se refere exatamente a essa fase crucial.
Esses dados da pesquisa “Panorama da Primeira Infância”, da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, revelam um paradoxo: vivemos na era de maior conhecimento científico sobre desenvolvimento infantil, mas a sociedade permanece alheia à importância dessa fase.
O equívoco que custa gerações
A maioria dos brasileiros acredita que o maior desenvolvimento humano ocorre na adolescência ou vida adulta. Essa percepção equivocada tem consequências profundas. Quando não reconhecemos que é nos primeiros anos que se concentra o maior potencial de aprendizado, perdemos janelas únicas de oportunidade.
As evidências são contundentes: crianças que recebem atenção integral na primeira infância apresentam melhor saúde física e mental, maior capacidade de aprendizagem e mais oportunidades profissionais. Além disso, têm menor propensão ao tabagismo, alcoolismo e criminalidade.
Contradições do cotidiano
A pesquisa expõe dados preocupantes: embora reconheçam os riscos, mais da metade dos adultos permite que crianças de 0 a 2 anos usem telas por duas horas diárias – contrariando recomendações pediátricas.
Outro alerta: 29% dos responsáveis admitem usar violência física como disciplina, mesmo que apenas 17% acreditem em sua eficácia. Essa contradição revela a urgência de traduzir informação científica em mudanças reais.

O poder do brincar
O brincar – atividade fundamental para o desenvolvimento – está entre os itens menos valorizados pelos entrevistados. Quando brincam, as crianças aprendem, desenvolvem imaginação e exploram o mundo de forma física, sensorial e imaginativa.
Um compromisso coletivo
Alterar a percepção social sobre a primeira infância é nosso maior desafio. Cada criança bem cuidada nos primeiros anos influencia não apenas sua trajetória, mas também as próximas gerações. A primeira infância não é responsabilidade apenas dos pais – é um compromisso coletivo com o futuro que queremos construir.
Relatório completo: https://biblioteca.fmcsv.org.br
Ana Luisa Meirelles e Dr. Wimer Bottura Júnior são cofundadores da Universidade de Pais e hosts do Podcast “Café com Pais”. Desenvolveram a metodologia “Comunicação Frescobol” para relações familiares mais conscientes. Ana Luisa é nãe da Luana e Eduardo, orientadora parental, escritora e palestrante. Dr. Wimer é pai do Henrique, Mariana e Guilherme, médico-psiquitra e psicoterapeuta, reconhecido por tratar a psiquiatria com uma linguagem que conecta e envolve, autor de 8 livros.
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