O Brasil apresenta um dos piores índices de saúde mental do mundo, e essa situação se torna ainda mais alarmante quando falamos das mães recentes. Nove em cada dez mulheres relatam sintomas de sobrecarga física e mental que merecem nossa atenção urgente.
Fadiga constante, insônia, ansiedade, depressão, preocupações com peso corporal e a devastadora sensação de incompreensão fazem parte do cotidiano dessas mulheres. Mas o que mais preocupa é quando essa sensação de incompreensão se torna realidade.
O peso invisível da culpa materna
O sentimento de culpa acompanha a maioria das mães como uma sombra persistente. Elas se responsabilizam por cada possível problema de seus filhos, como se fossem as únicas responsáveis pelo bem-estar familiar. Essa culpa parece tão natural que raramente questionamos sua origem.
O excesso de responsabilidades atribuídas às mulheres, somado ao bombardeio de informações contraditórias – muitas vezes apresentadas como “científicas” – cria mais preocupações do que soluções. Essa sobrecarga informacional, embora tenha a aparente intenção de prevenir problemas futuros, acaba gerando o efeito oposto.
Quando o amor se torna superproteção
A preocupação excessiva com possíveis traumas psicológicos leva muitas mães a privarem seus filhos de frustrações necessárias para o desenvolvimento saudável. Se antes as crianças precisavam se adaptar à família, hoje observamos o movimento inverso: famílias inteiras reorganizando-se em torno das demandas infantis.
É importante lembrar que, embora nossa sociedade precise de melhorias – incluindo as estruturas familiares -, as crianças não possuem repertório suficiente de experiências e informações para determinar como a família deve funcionar.
O silêncio que machuca
O excesso de expectativas sobre a “perfeição parental” e o medo de decepcionar tornam-se fontes adicionais de esgotamento. Mas o que mais preocupa é o surgimento de um sentimento de culpa silencioso: quando passa pela cabeça dessas jovens mães o arrependimento de terem sido mães, a vontade de “largar tudo e sumir”.

Esses diálogos internos consequentes da sobrecarga geram pensamentos autoacusatórios devastadores: “sou a única mãe tóxica”, “não sirvo para isso”, “outras conseguem, por que eu não?”. Essa espiral de sofrimento acaba afetando todas as relações familiares, inclusive com a própria criança.
Você não está sozinha: caminhos para o alívio
CALMA. RESPIRE. VOCÊ NÃO ESTÁ SÓ.
Milhares de mães passam exatamente pela mesma experiência. Reconhecer isso é o primeiro passo para o alívio. Aqui estão algumas estratégias fundamentais:
Construa sua rede de apoio
- Encontre pessoas experientes que conhecem a vida além dos livros teóricos
- Tenha um pediatra de confiança que realmente a escute e compreenda – ele certamente já ouviu relatos similares de muitas outras mães
- Participe de grupos de mães em situações semelhantes para desabafos genuínos
Entenda seus pensamentos
Lembre-se: um desabafo é apenas um desabafo. Não significa más intenções ou inadequação como mãe. Existe uma diferença enorme entre pensamentos que surgem em momentos estressantes e nossos verdadeiros sentimentos.
Ideas ruins podem passar por nossas cabeças sem representar um problema real. Isso é absolutamente normal e não define quem você é como mãe.
Transforme informação em direito
Busque informações sobre maternidade como um direito seu, não como mais uma obrigação a cumprir. Você tem o direito de aprender, de errar, de tentar novamente e de ser humana neste processo.
Um convite à reflexão
A maternidade não precisa ser um fardo solitário. Quando compreendemos que nossos desafios são compartilhados por milhares de outras mães, começamos a quebrar o ciclo de isolamento e autocobrança excessiva.
Você merece apoio, compreensão e, principalmente, autocompaixão. Ser mãe é uma das experiências mais transformadoras da vida humana – e como toda transformação profunda, ela vem acompanhada de desafios que podem ser superados com a orientação adequada.
Convido você a conhecer nosso portal Universidade de Pais e nosso PodCast Café com Pais.











