Participei com grande alegria no dia 4 de dezembro de mais um seminário da Pais&Filhos. Um encontro onde a riqueza de conhecimentos compartilhados e a integração entre profissionais e plateia mais uma vez foi sensacional. O tema escolhido foi: “Mãe não é tudo igual”. Foram citadas de forma criativa as frases que dão sustentação ao conceito de “toda mãe é igual, só muda o endereço”, e a partir disto se explorou exatamente o que há de comum entre as pessoas e a importância de aceitarmos e estimularmos as diferenças entre as pessoas.
Aldous Huxley, importante escritor, em sua marcante obra “Admirável Mundo novo” fala de uma sociedade na qual foram criadas pessoas todas iguais, e assim podem morrer na mesma hora pelo mesmo motivo. Estamos frente a um dos conceitos mais importantes para a sobrevivência da sociedade: a diversidade. Tratada como um problema por muitos, insuportável para outros, diversidade e o convívio harmonioso com ela é uma solução, não um problema. As pesquisas de psicologia positiva, principalmente por Martin Seligman mostram que as pessoas com maior possibilidade de experimentar a felicidade são aquelas que entre outras características sabem conviver com as diferenças, lidam bem com a adversidade portanto com os problemas e são capazes de ser gratos.
Vejo pais dizendo: criei todos os filhos da mesma forma, por que deu tão errado com um e não com o outro?
Exatamente porque as pessoas são diferentes entre si, já ao nascer. As características herdadas geneticamente já trazem diferenças, a ordem de nascimento, a gestação, o trabalho de parto, a situação dos pais, são inúmeras as diferenças, embora existam muitas semelhanças. Interessante a nossa necessidade de generalizar. Alguns traços semelhantes ou até mesmo iguais ao pai, ou a mãe nos levam a dizer “É igualzinha a mãe!” ou “É Igualzinho ao pai!”. Isto me traz a lembrança o que tenho dito em minhas palestras e aulas sobre uma importante descoberta do cérebro humano: O E/OU no lugar do OU.
A tendência a generalização pode ser fonte de conflitos quando se toma o todo pela parte. Enquanto o comportamento do tipo OU é excludente, onde só é aceito aquilo que está de acordo com o meu modo de pensar, e o diferente é excluído. No modelo comportamental tipo E/OU admite-se que existem diferentes meios de pensar, agir e estar no mundo. Exclusão tem alta possibilidade de gerar exclusão, integração tem alta possibilidade de gerar integração.
Quando falamos e aceitamos que “Mãe não é tudo igual” estamos também aceitando que “criança não é tudo igual” e que “as pessoas não são todas iguais”.
Muitas vezes por insegurança, por medo de rejeição, muitos pais e mães procuram copiar modelos de comportamentos, negam a sua própria essência e tentam impor esses padrões aos filhos. Porém, estes, por instinto de sobrevivência, poderão se rebelar e desenvolver comportamentos de oposição aos pais levando à complicações nas relações familiares.
Por isto, valorize seu jeito de ser, valorize o jeito de ser de sua criança. As diferenças não apenas nos tornam únicos, mas também nos fortalecem como indivíduos e como sociedade.