O que parecia ser apenas mais uma história de amor celebrada com emoção e votos de felicidade se transformou em um drama jurídico digno de novela. Em Salvador, na Bahia, a governanta Fábia Almeida descobriu, quase uma década após seu casamento com Acel Menezes, que, legalmente, está unida em matrimônio com outra pessoa: seu cunhado, Abel Menezes.
A confusão absurda só veio à tona em 2021, quando Abel, irmão de Acel, solicitou uma segunda via de um documento e teve uma surpresa: seu nome aparecia como o marido de Fábia nos registros civis. A revelação pegou todos de surpresa e, desde então, a família lida com as consequências dessa troca inacreditável.
O início do equívoco
O casamento de Fábia com Acel ocorreu em novembro de 2012, na cidade de Biritinga, interior baiano. Tudo parecia estar correto até o dia em que Abel, ao solicitar uma certidão de nascimento, descobriu no campo de observações que era apontado como o cônjuge da própria cunhada. “Descobrimos através da segunda via da certidão de nascimento do meu irmão. Na observação da segunda via da certidão, apareceu que ele tinha se casado com Fábia, minha esposa, sendo que eu tenho a nossa certidão de casamento toda certinha”, relatou Acel em entrevista à TV Bahia.
A semelhança entre os irmãos pode ter sido o ponto de partida para o erro. Ambos compartilham o mesmo sobrenome, nasceram no mês de agosto e são naturais da mesma cidade. Para complicar ainda mais, os nomes diferem por apenas uma letra: Acel e Abel. Essa combinação de coincidências teria sido o bastante para que o cartório registrasse o nome errado como noivo oficial.
Um erro que compromete a vida da família
Apesar do tempo decorrido desde a descoberta, a situação continua sem solução concreta. O que era para ser um problema simples de retificação documental se transformou em um verdadeiro impasse judicial. A alternativa proposta pelos órgãos responsáveis foi considerada inaceitável por Fábia: ela teria que se divorciar do verdadeiro marido para corrigir os registros oficiais. “Eu casei com tanto amor, quando vejo as fotos desse dia eu me emociono. Agora eu talvez precise descasar para resolver a situação e eu não quero isso, não foi um erro meu”, desabafou, visivelmente abalada.
Além da dor emocional, a confusão gerou transtornos práticos. Abel, que mora em Juazeiro, precisa dos documentos corretos para avançar na carreira profissional. Já Acel e Fábia, que vivem em Abrantes, enfrentam uma rotina exaustiva de deslocamentos até Serrinha, cidade onde estão registrados os papéis, em busca de uma resolução que nunca chega. São cerca de 172 km percorridos por uma solução que parece sempre fora de alcance.

Impacto psicológico
A história viralizou nas redes sociais e nas ruas da cidade, mas nem todos reagem com empatia. Brincadeiras e comentários inconvenientes fazem parte do dia a dia do casal, que tenta manter o bom humor apesar do constrangimento. “Brincam que ela é casada com dois irmãos, que a gente releva para não se chatear, mas é uma situação constrangedora para quem está vivendo”, comentou Acel, o esposo real.
O desconforto vai além do social. A insegurança jurídica e o temor de que o casamento oficializado com tanto amor possa ser anulado ou descaracterizado abalam a estrutura emocional da família. Mais do que papéis, o que está em jogo é o reconhecimento de uma união construída com base em afeto, respeito e história compartilhada.
Justiça ainda não deu resposta
Com a repercussão do caso, a TV Bahia buscou esclarecimentos junto aos órgãos judiciais responsáveis pela regularização dos registros civis, mas não obteve retorno. A família acredita que o erro tenha sido cometido durante o preenchimento do nome do noivo no cartório, possivelmente sem a devida conferência dos documentos apresentados.
Enquanto isso, seguem esperando por uma resposta concreta e, principalmente, por uma forma de corrigir a situação sem precisar passar por um divórcio simbólico, que, na prática, desrespeita a história construída entre Fábia e Acel.