Um levantamento recente publicado no Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry chamou a atenção para uma lista de 17 fatores que podem ser modificados e que estão associados a três condições que afetam fortemente a saúde mental e física na maturidade: o acidente vascular cerebral (AVC), a demência e a depressão tardia.
O estudo, conduzido por uma equipe de pesquisadores liderada por Sanjula Singh, do Brain Care Labs no Hospital Geral de Massachusetts, analisou uma série de meta-análises feitas entre janeiro de 2000 e setembro de 2023. O objetivo foi entender melhor como certos comportamentos e condições podem interferir na saúde cerebral à medida que envelhecemos — e, o mais importante, como é possível agir antes que os problemas apareçam.
Entre os fatores que apareceram mais frequentemente ligados a duas ou mais das doenças, estão a pressão alta, colesterol elevado, consumo de álcool, má alimentação, estresse, sedentarismo e até a perda auditiva. Todos esses elementos foram considerados modificáveis, ou seja, podem ser ajustados com mudanças de estilo de vida.
Os pesquisadores observaram que a hipertensão e a disfunção renal foram os elementos que mais impactaram negativamente no surgimento e agravamento das doenças estudadas. Por outro lado, hábitos como se engajar em atividades físicas regulares e participar de passatempos que exigem estímulo cognitivo, como montar quebra-cabeças, foram apontados como as atitudes mais eficazes para afastar os riscos.

“Também é importante notar que, ao melhorar um fator de risco modificável, você muitas vezes também melhora outros fatores de risco modificáveis”, explicou Singh em entrevista ao The Washington Post. “Por exemplo, aumentar a atividade física pode levar a um melhor controle da pressão arterial, melhorar nossos hábitos de sono e dieta, e até mesmo mais conexão social — ao se juntar a um time de esportes ou grupo de corrida.”
Ou seja, cuidar da saúde física é uma porta de entrada para uma melhora geral da qualidade de vida, inclusive emocional. O estudo reforça que os fatores estão interligados e que, ao promover uma mudança, os impactos positivos podem se multiplicar.
A pesquisa também destaca a importância de pequenos gestos do dia a dia, como manter uma alimentação equilibrada, cultivar vínculos sociais, reduzir o estresse e encontrar propósito na rotina. Todos esses aspectos, segundo os pesquisadores, fazem a diferença no longo prazo e contribuem para um envelhecimento mais saudável e feliz.
Além disso, foi levantada a relevância de atividades de lazer com estímulo cognitivo — como leitura, jogos de raciocínio e até atividades artísticas — que também demonstraram papel importante na prevenção. Já a ausência dessas práticas aparece como um fator de risco para o desenvolvimento de doenças neurológicas na terceira idade.
Veja abaixo os 17 fatores modificáveis associados ao AVC, à demência e à depressão tardia, segundo o estudo:
- Pressão arterial elevada
- Comprometimento da função renal
- Tabagismo
- Glicose alta
- Índice de Massa Corporal (IMC) elevado
- Problemas de sono
- Perda auditiva
- Sintomas de depressão
- Estresse
- Falta de engajamento social
- Alimentação inadequada
- Dor crônica
- Colesterol total alto
- Falta de lazer com estímulo cognitivo
- Inatividade física
- Ausência de propósito de vida
- Consumo excessivo de bebidas alcoólicas
Os autores do estudo esperam que essas descobertas sirvam como base para estratégias de prevenção mais eficazes, além de ajudar profissionais da saúde a orientarem pacientes sobre práticas que realmente podem fazer a diferença.