Imagine abrir a geladeira, dar de cara com ovos de Páscoa lindamente embalados e… nada de poder comer. Foi o que aconteceu com a influenciadora Virginia Fonseca, que revelou nas redes sociais ter que resistir ao chocolate para evitar crises fortes de enxaqueca. O desabafo viralizou e levantou uma dúvida comum: será que o que a gente come pode, de fato, provocar dores de cabeça?
A resposta é sim — e não estamos falando de exageros ocasionais. Alguns ingredientes presentes no cardápio do dia a dia de milhões de brasileiros podem ser os vilões por trás daquela dor insistente.
O que a ciência diz sobre a relação entre comida e enxaqueca
Enxaqueca não é uma simples dor de cabeça. É uma condição neurológica complexa que envolve desequilíbrios químicos, inflamação e alterações nos vasos sanguíneos do cérebro. Para quem convive com isso, descobrir os gatilhos certos pode fazer toda a diferença na qualidade de vida.
“Em pacientes com enxaqueca, certos alimentos atuam como gatilhos químicos e inflamatórios, favorecendo a dor. Identificar esses alimentos é um passo essencial no controle da doença”, explica o nutrólogo Dr. Ronan Araujo.
Entre os principais suspeitos estão substâncias como tiramina, cafeína, glutamato monossódico, nitratos e adoçantes artificiais — todas com potencial de desequilibrar o funcionamento do cérebro.
Chocolate é o vilão número um?
O chocolate, principalmente o amargo, pode ser um verdadeiro vilão para quem sofre com enxaqueca. Isso porque ele é cheio de substâncias que mexem com o cérebro, como a teobromina, a cafeína e a feniletilamina. Esses nomes complicados nada mais são do que componentes que podem dilatar os vasos sanguíneos do cérebro e causar inflamações, o que, em pessoas sensíveis, pode acabar desencadeando aquela dor forte e insistente.
E não para por aí: o açúcar presente nos doces, também pode ser um problema. Ele faz a taxa de glicose no sangue subir rapidamente — e essa montanha-russa de açúcar pode deixar o cérebro ainda mais vulnerável à dor.

Alimentos que também merecem atenção
Confira outros itens que podem estar sabotando sua saúde sem aviso prévio:
- Queijos curados (como parmesão, gorgonzola e brie): ricos em tiramina, que dilata os vasos do cérebro.
- Bebidas alcoólicas (vinho tinto, cerveja, espumantes): além da tiramina, possuem sulfitos e histaminas que desequilibram o sistema neurológico.
- Carnes processadas (presunto, salame, salsicha): cheias de nitratos e nitritos, que podem ativar as dores.
- Café em excesso ou abstinência repentina: o famoso “efeito rebote” é real e doloroso.
- Produtos ultraprocessados com glutamato monossódico: o famoso “realçador de sabor” presente em salgadinhos e comidas prontas pode causar o que muitos chamam de “dor de cabeça do restaurante chinês”.
- Refrigerantes zero e produtos diet com aspartame: adoçantes artificiais interferem nos neurotransmissores.
- Frutas cítricas (como laranja e limão): embora saudáveis, podem ser gatilhos para algumas pessoas.
Dá para prevenir? Sim, com atenção e planejamento
O primeiro passo é conhecer seu próprio corpo. Como cada pessoa reage de forma diferente, manter um diário alimentar pode ajudar a encontrar padrões e entender quais alimentos estão por trás das crises. Anotar o que foi consumido antes de uma dor de cabeça pode ser revelador.
Além da alimentação, o estilo de vida também entra na conta: sono ruim, estresse, desidratação e até oscilações hormonais são fatores que contribuem para a frequência e intensidade das crises.
“Quando tratamos a enxaqueca olhando apenas para a dor, perdemos a chance de solucionar o problema pela raiz. Em minha prática clínica, priorizo o equilíbrio global do paciente: alimentação, estilo de vida, microbiota intestinal, níveis de vitaminas e hormônios. Tudo está interligado”, reforça o Dr. Ronan Araujo.
Enxaqueca não é normal — e tem solução
Se a dor de cabeça aparece com frequência, o recado é claro: não ignore. Pode não ser só estresse ou falta de descanso, mas sim um alerta do seu corpo para algo que está sendo consumido todos os dias.
Com pequenas mudanças na alimentação e no estilo de vida, dá para retomar o controle e conquistar mais bem-estar. Mais energia, mais disposição e, claro, menos dor de cabeça — literalmente.