Se você é daquelas pessoas que já tempera a comida no automático antes mesmo de provar… é melhor repensar esse hábito. Um estudo de grande escala revelou uma ligação preocupante entre o uso excessivo de sal e a saúde mental. Entre os efeitos observados: aumento no risco de ansiedade, depressão e até envelhecimento precoce. Pois é, aquela pitada extra pode estar custando mais do que o sabor.
A pesquisa foi conduzida com base em exames e dados de 440.000 adultos britânicos, registrados no UK Biobank, uma das maiores bases de dados sobre saúde do mundo. A análise foi feita por pesquisadores da Universidade Médica de Xinjiang, na China, e acompanhou os participantes por mais de 12 anos. Os resultados foram publicados no Journal of Affective Disorders.
Quanto mais sal, maior o risco para a saúde mental
Os cientistas analisaram a frequência com que os participantes adicionavam sal à comida já pronta — ou seja, além daquele usado no preparo. E o padrão ficou claro: quanto maior o uso, maior o risco de desenvolver transtornos mentais.
- Pessoas que sempre adicionavam sal à comida apresentaram 37% mais risco de desenvolver depressão e 27% mais risco de ansiedade, em comparação com quem nunca ou raramente fazia isso.
- No grupo com frequência mais alta, o risco subiu ainda mais: 45% para depressão e 34% para ansiedade.
- Mesmo quem usava sal “às vezes” ou “geralmente” teve aumento no risco: de 8% a 16% para depressão, e de 5% a 10% para ansiedade.
Não é só o exagero que preocupa, o uso moderado também pode ter consequências negativas, especialmente se for um hábito constante.
Envelhecimento precoce entra em cena
Além da saúde mental, o estudo também avaliou o impacto do consumo de sal no envelhecimento biológico — aquele que acontece a nível celular, e não apenas na aparência. A equipe descobriu que o excesso de sal pode acelerar esse processo, e que esse envelhecimento celular precoce pode agravar ainda mais os riscos de depressão e ansiedade.
A conclusão dos pesquisadores é clara: o consumo exagerado de sal contribui para o desgaste do organismo e pode ser um fator importante por trás do aumento de transtornos mentais. É como se o corpo envelhecesse por dentro, e isso refletisse diretamente no equilíbrio emocional.

Como reduzir o sal sem perder o sabor
Mudar esse cenário é totalmente possível com pequenas adaptações no dia a dia. A dica é apostar em temperos naturais para dar sabor aos pratos:
- Alho e cebola (frescos ou desidratados)
- Pimentas variadas
- Limão
- Ervas frescas como alecrim, manjericão, salsa, coentro e hortelã
- Especiarias como cúrcuma, cominho, noz-moscada e páprica
Esses ingredientes não só realçam o sabor como também trazem benefícios extras para a saúde. Pode levar algumas semanas até o paladar se adaptar, mas o esforço vale a pena, principalmente se você quer cuidar da sua saúde física e emocional a longo prazo.
Um olhar mais atento ao que vai no prato
Esse estudo reforça a importância de observar os hábitos alimentares com mais atenção. Durante anos, o foco principal dos alertas sobre o sal era o risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão. Agora, com evidências robustas como essa, fica claro que os impactos vão além — e envolvem também a saúde do cérebro e o ritmo de envelhecimento do corpo.
A expectativa dos pesquisadores é que futuras investigações analisem se diferentes tipos de sal (como o refinado, o sal rosa, o marinho, entre outros) têm efeitos distintos no organismo. Mas, até lá, vale lembrar: menos sal pode significar mais saúde.