Você já parou pra pensar que aquela dor de cabeça que insiste em aparecer pode estar vindo… da sua boca? Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Sidney, na Austrália, revelou uma ligação curiosa (e importante!) entre a saúde bucal e dores crônicas que afetam muitas mulheres, como enxaqueca, dor abdominal e até dores musculares generalizadas.
O que parecia um problema restrito aos dentes e gengivas mostrou ter muito mais impacto do que se imaginava. O segredo está nas bactérias que vivem na nossa boca – sim, elas são muitas! O estudo, publicado na revista científica Frontiers in Pain Research, sugere que esse microbioma oral pode estar diretamente ligado ao sistema nervoso e influenciar como sentimos dor. Ou seja, cuidar da boca pode ser uma boa maneira de cuidar do corpo todo.
Saúde bucal e fibromialgia: uma conexão inesperada
Entre as condições avaliadas no estudo, a fibromialgia teve grande destaque. Essa síndrome crônica é caracterizada por dores no corpo, fadiga, dificuldades para dormir e até problemas de memória. Das 168 mulheres que participaram da pesquisa, 67% tinham diagnóstico de fibromialgia. E sabe o que os cientistas perceberam? Quanto pior era a saúde bucal dessas participantes, maiores eram as chances de elas sentirem dores intensas.
O estudo também encontrou uma forte associação entre problemas bucais e dores de cabeça constantes. Mulheres com a saúde bucal comprometida tinham 60% mais chances de sentir dores pelo corpo e 49% mais chances de sofrer com enxaquecas frequentes.

Como o estudo foi feito (e por que os resultados chamaram atenção)
Para entender essa relação entre boca e dor, os pesquisadores contaram com a ajuda de um grupo de mulheres da Nova Zelândia, algumas com fibromialgia e outras sem. A saúde bucal foi avaliada por meio de um questionário criado pela Organização Mundial da Saúde, e os dados foram cruzados com informações sobre dores de cabeça, dor abdominal e outros incômodos.
E teve mais: os cientistas usaram tecnologia genômica de ponta para identificar as bactérias presentes na boca das participantes. Quatro gêneros microbianos chamaram a atenção: Dialister, Fusobacterium, Parvimonas e Solobacterium. Eles estavam mais presentes justamente nas mulheres que relatavam dores mais intensas.
Mesmo quando foram considerados outros fatores, como idade, alimentação e índice de massa corporal, a ligação entre a saúde bucal e as dores se manteve. Isso só reforça o alerta: os cuidados com a boca vão muito além da estética.
Cuidar da boca é cuidar da saúde
Escovar os dentes, usar fio dental e visitar o dentista com regularidade podem parecer ações simples, mas fazem uma enorme diferença na saúde geral. Além de evitar cáries e gengivite, esses hábitos podem ajudar a prevenir dores crônicas que afetam a qualidade de vida.
Os cientistas ainda apontaram uma relação, mesmo que mais fraca, entre alimentação saudável e boa saúde bucal. Ou seja, comer bem também pode contribuir para manter o equilíbrio das bactérias da boca e, quem sabe, reduzir aquele incômodo que você sente sem saber de onde vem.
Então, se você anda sentindo dores sem explicação, talvez seja hora de dar uma atenção especial ao seu sorriso. Afinal, a saúde começa pela boca – e agora a ciência provou que isso vale para o corpo todo.