Imagine estar com tudo pronto para embarcar: passagem em mãos, check-in feito, bebê alimentado com leite materno extraído com todo carinho… e, de repente, ouvir que vai precisar desembolsar mais uma graninha só porque está carregando o leite e a bomba tira-leite. Foi exatamente isso que aconteceu com Daisy Crawford, uma mãe britânica de 40 anos, durante um voo da EasyJet entre a Inglaterra e a Irlanda do Norte.
Segundo o portal The Mirror, Daisy estava retornando de uma viagem em família por Devon, no sudoeste da Inglaterra, e seguia para Belfast. Tudo corria tranquilamente até o momento do embarque no Aeroporto de Bristol. Lá, a surpresa: uma taxa de 50 libras (aproximadamente R$ 370) para carregar o leite materno e a bomba que usou para extraí-lo.
“Eu estava furiosa, chateada e humilhada”
Essas foram as palavras de Daisy, em entrevista ao Bristol Live, reproduzida pelo The Mirror. Ela contou que, apesar de ter passado tranquilamente pela segurança do aeroporto, os funcionários do portão de embarque pareciam ter recebido outro treinamento. Segundo ela, não houve empatia ou compreensão diante da situação, nem mesmo quando explicou que seu bebê era prematuro e que aquele leite era essencial para a saúde da criança.
“Eles disseram que eu não tinha escolha: ou pagava a taxa ou colocava tudo na minha mala de mão”, contou. O problema? Já não havia espaço na mochila. Determinada a não ceder, ela começou a tirar roupas da bolsa, colocando casaco sobre casaco, guardando os chinelos nos bolsos e tentando, com criatividade digna de reality show de sobrevivência, fazer caber tudo o que precisava carregar.

Uma saga nada leve para quem só queria voltar para casa
Aparentemente, o bom senso tirou férias naquele portão de embarque. Enquanto Daisy se virava nos trinta, os funcionários pressionavam, avisando que ela poderia perder o voo e até ser deixada para trás. “O avião estava cheio de gente esperando e disseram que iam decolar sem mim”, relembra.
Daisy conseguiu, no fim das contas, evitar a taxa e embarcar, mas não sem sentir o peso do constrangimento. “Pesquisei antes, e vi que era permitido levar leite materno. Por que eu deveria usar o espaço da minha bagagem para algo clinicamente necessário?”, questionou. Segundo ela, ninguém com outros equipamentos médicos seria tratado assim.
E afinal, o que diz a regra?
O site oficial do governo britânico esclarece que é, sim, permitido viajar com leite materno na bagagem de mão, mesmo sem a presença do bebê. E mais: não há limite de quantidade, desde que cada recipiente não ultrapasse 2 litros. Esses itens devem, claro, passar pela inspeção de segurança como qualquer outro líquido. Ou seja: Daisy não infringiu regra nenhuma.
A própria EasyJet, após o caso repercutir, divulgou um comunicado lamentando o ocorrido. Segundo a empresa, mães que amamentam podem, sim, levar leite materno e bomba extratora a bordo — e há até uma bolsa extra permitida para isso. O único detalhe é que a recomendação é avisar com antecedência. Um pequeno (mas importante) detalhe que talvez evitasse todo esse estresse.
Um episódio que gera reflexão
Mais do que uma questão de logística, esse caso abre espaço para um debate necessário sobre a forma como mães são tratadas em ambientes públicos, e especialmente durante viagens. A amamentação é um ato de cuidado, saúde e conexão. E, como Daisy bem disse, não deveria custar mais caro por isso.
Fica o alerta: se você está planejando viajar e vai levar leite materno ou equipamentos de apoio, vale conferir as regras da companhia aérea com antecedência e, se possível, notificar a empresa. Assim, dá para evitar surpresas desagradáveis e seguir viagem com mais tranquilidade.