A hora do parto pode ser muito assustadora para muitas mulheres – especialmente aquelas que são mães de primeira viagem. Já pensou, então, como seria passar por esse momento sem conseguir entender nenhuma explicação, pedido ou orientação dos médicos? Isso era o que iria acontecer com Najara Cabral e é o que acontece com muitas mulheres que têm problema de audição no Brasil.
Najara não consegue ouvir, mas, por sorte, é amiga de uma intérprete de Libras – Língua Brasileira de Sinais – que a ajudou no momento do parto. A mãe deu à luz na quarta-feira, 7 de outubro, e foi capaz de entender todas as orientações e explicações médicas, graças a ajuda da amiga, Valéria Menezes, que foi com ela até o hospital para ajudar a fazer a tradução nesse momento tão importante!
O hospital não tem intérprete de Libras e Valéria, que também é advogada, usou a Lei de Acessibilidade para entrar com a paciente na sala de cirurgia. Em entrevista ao portal SóNotíciaBoa, ela contou sobre a importância de estar presente nesse momento e como sua presença ajudou a mãe e o pai (que também é surdo) a se acalmarem, além de ajudar a equipe médica na comunicação com a Najara em momentos cruciais.
“Eu ia interpretando tudo que estava acontecendo… como estava pressão dela… teve um momento em que ela se sentiu mal, ficou enjoada… ela falou e eu avisei ao anestesista. Se não tem essa comunicação, como vai avisar que está se sentindo mal? Fui conversando com ela, acalmando também”, contou Valéria. “No momento da aplicação da anestesia, fui explicando a posição que ela tinha que ficar, como fazer… traduzindo as orientações médicas”, continuou, relembrando.
A amiga e intérprete também ajudou nos momentos após o parto, contanto para a mãe, por exemplo, sobre o choro da criança. Najara, como boa parte das mães de primeira viagem, também ficou tensa na hora de amamentar e, mais uma vez, a ajuda de Valéria foi crucial. “No momento da primeira amamentação precisei interpretar o que as enfermeiras estavam explicando. Elas ensinam a mãe sobre como ter essa experiência de forma tranquila. Ela já estava no quarto e queria entender por que não tinha descido o leite, estava só no colostro. Fui explicar pra ela o que ela o colostro, pra ficar calma, que estava tudo bem”, relembrou.
O motivo pelo qual Valéria decidiu fazer tudo isso? O amor à amiga! “Aqui em Brasília a gente não ouviu falar em nenhum parto de surda que tivesse uma interprete participando. Eu não fui contratada pelo hospital. Ela é uma amiga minha e eu fui porque queria dar a ela e experiência que nós ouvintes temos de respeito, pra que ela se a sentisse acolhida, segura naquele momento importante”, finalizou.
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